O Globo
Magda Chambriard afirma que já enviou quatro
cartas para o Ibama, mas nega que seja para pressionar
A Petrobras enviou
já quatro cartas para o Ibama pedindo
para ser fiscalizada na Foz do Amazonas. A empresa diz que cumpriu as
exigências do órgão fiscalizador, e pede para ser inspecionada, afirmando que
está pronta para perfurar. A Petrobras está voltando à distribuição, fornecendo
combustível diretamente a grandes empresas, no mercado B2B. Informações da
presidente Magda
Chambriard em entrevista que me concedeu na GloboNews. Perguntei por
que ela disse “Let's drill baby”, repetindo uma expressão trumpista. “Foi para
chamar a atenção”, respondeu.
Magda Chambriard negou que as cartas ao Ibama sejam para pressionar.
— São uma resposta. No ano passado, nos
comprometemos a entregar as últimas exigências do Ibama. A última foi mais um
centro de despetrolização da fauna, agora no Oiapoque. Num primeiro momento
colocamos barcos de alta velocidade para o centro de Belém (que o Ibama avalia
que é muito longe do local da possível exploração), e reduzimos bastante o
tempo. Construímos um novo e foi entregue no final de março, que foi autorizado
pelo instituto amapaense ambiental. Então, nós temos licença. Avisamos ao Ibama
que estamos prontos para a fiscalização dessa área. E o Ibama tem que nos
fiscalizar enquanto autorizador. Em Oiapoque, foi instalado o maior plano de
emergência individual feito no mundo.
A sonda foi limpa e está pronta para ser
levada ao local da perfuração. Segundo Magda, ainda falta a autorização da
licença pré-operacional — um grande exercício feito para provar se todos os
equipamentos estão funcionando corretamente e nos locais adequados.
— Como entregamos tudo logo no início de
abril e estamos em maio, toda semana avisamos ao Ibama: ‘olha, está tudo pronto
aqui’. Esta é a quarta carta informando que estamos prontos para ser
fiscalizados.
O barril do petróleo teve quedas fortes no
mercado internacional, e o câmbio também, as duas variáveis que formam o preço
interno do combustível. Perguntei se os preços seriam reduzidos para o
consumidor. Ela disse que desde janeiro de 2023, os preços da Petrobras para as
distribuidoras caíram. O QAV (combustível de aviação) está, segundo ela, 36%
mais barato; o diesel, 26%; e a gasolina, 11%.
— A questão é que perdemos a ponta, não
vendemos mais diretamente para o consumidor. E isso nos incomoda,
principalmente naquele distribuidor que tem o nosso logo — disse ela,
referindo-se ao fato de que a BR foi privatizada.
Ela afirmou que a Petrobras continua com a
prerrogativa de vender diretamente a grandes consumidores no mercado B2B. Em
São Paulo, a estatal realiza um grande teste nesse formato e, no Matopiba —
região que abrange Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia —, fará vendas diretas a
grandes produtores do agronegócio. Perguntei se a empresa cogita voltar a ter
uma distribuidora.
— O que a gente vê é que, apesar de a gente
baixar muito o preço, esse preço mais em conta não chega ao consumidor. Essa
distribuição para o consumidor final não está sobre a mesa.
Ela contou que a empresa está aumentando a
produção, e isso em função de investimentos feitos no ano passado. O campo de
Búzios vai passar o de Tupi, atualmente o maior do país. Hoje, produz 800 mil
barris/dia, mas a presidente fala em crescimento sucessivo, para um milhão,
podendo chegar a dois milhões de barris em um único campo, mais do que a
produção de muitos países. Além disso, está fazendo novas descobertas na Bacia
de Santos. E no futuro, como ficará a Petrobras em um mundo que terá que
consumir menos petróleo por causa da mudança climática?
—Quando eu assumi, a primeira pergunta que eu
fiz foi essa: seremos uma empresa de combustível fóssil, produtora de pré-sal,
e acabou? Ou a empresa vai ser longeva, forte e relevante por bastante tempo?
Colocamos em números. Hoje, fornecemos 31% da energia primária do Brasil. O
Brasil vai crescer 60% até 2050. Temos que fazer uma reposição das reservas,
mas ao mesmo tempo vamos fazer grandes investimentos em renováveis. Vamos
voltar ao etanol, reforçar nossa participação em biodiesel, investir em eólica,
fazer hidrogênio verde, replantar floresta.
Enquanto esse futuro não chega, ela contou
que tenta atrair investidores para o mar em torno da Amazônia.
Por isso, ao lado do governador do Amapá, disse “Let's drill, baby”, numa
reunião do mundo do petróleo nos EUA. A
expressão trumpista agradou à plateia. Mas causa estranheza. Por isso,
ela admite que é sempre perguntada sobre o uso dessa expressão.
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