sábado, 13 de fevereiro de 2010

Economia da UE cai 4,1% em 2009 e reforça temor de crise fiscal no bloco

DEU EM O GLOBO

Economia da UE cai 4,1% em 2009 e reforça temor de crise fiscal no bloco PIB cresceu só 0,1% no 4o- trimestre, abaixo das expectativas do mercado

Do New York Times*

PARIS. A economia europeia ficou estagnada no último trimestre do ano passado, aumentando os temores do mercado quanto à capacidade de alguns países do bloco de usarem o crescimento para melhorar suas situações fiscais. Para o conjunto dos 16 países que compõem a zona do euro, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) subiu só 0,1% no período, na comparação com o trimestre anterior, segundo a Eurostat, a agência de estatísticas do bloco.

Com isso, o bloco fechou 2009 com uma retração econômica de 4%. Considerando-se os 27 países da União Europeia (UE), a queda do PIB em 2009 foi de 4,1% — o bloco, no último trimestre, cresceu também só 0,1%.

Muito da debilidade veio da Alemanha, principal motor da Europa, onde a economia inesperadamente ficou estagnada no quarto trimestre do ano passado, depois de ter crescido 0,7%, nos três meses anteriores. Analistas haviam previsto um aumento de 0,2%. No ano, o país amargou uma contração de 5%.

França reage, mas fecha 2009 com pior PIB do pós-guerra

Já a expansão na França, segunda maior economia do bloco, se fortaleceu: foi de 0,6% nos últimos três meses do ano passado, num resultado acima do esperado. Isso não evitou, porém, que o PIB francês encolhesse 2,2% em 2009, no pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial.

O freio na economia europeia ocorre num momento delicado para a zona do euro, à medida que os governos tentam resolver os crescentes déficits fiscais dos chamados Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, na sigla em inglês). As incertezas dos investidores quanto a capacidade desses países honrarem suas dívidas empurraram a cotação do euro para baixo e pressionaram os custos dos bônus da região. Os países europeus vão precisar de um crescimento robusto para limitar o aumento de seus déficits fiscais, provocados pela crise de 2008 e 2009.

Segundo analistas, porém, qualquer recuperação da maior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial deverá ser limitada à proporção que a crescente taxa de desemprego, hoje na casa dos 10%, inibe os gastos dos consumidores.

Ontem, a Eurostat divulgou que a produção industrial caiu 1,7% em dezembro na comparação com novembro, e 5% na comparação anual. A expectativa dos analistas era de expansão em dezembro.

— Parece que o gasto do consumidor e os investimentos continuarão a cair e isso foi camuflado pelas exportações e os gastos dos governos — analisa Nick Kounis, economista da Fortis. — A recuperação na zona do euro continua, mas a passos de tartaruga.

Espanhóis protestam contra mudança na aposentadoria

Ao mesmo tempo que o PIB depende largamente dos gastos dos governos, que injetaram dezenas de bilhões de euros na economia para tentar evitar um crise pior, os investidores estão nervosos quanto à deterioração das contas públicas de vários países do bloco.

Os problemas financeiros na Grécia, por exemplo, levaram os países da zona do euro a prometer algum tipo de ajuda.

Seria a primeira vez na história que um país do bloco receberia um socorro deste tipo.

O PIB da Grécia encolheu 0,8% no quarto trimestre de 2009 ante o trimestre anterior, uma queda acima do previsto. Em todo o ano passado, a economia grega recuou 2%. Os dados também mostraram revisões para baixo em relação aos outros três trimestres de 2009, revelando uma recessão mais aguda do que previamente se supôs. Na terçafeira, o Comitê Econômico e Financeiro (Ecofin), que reúne os ministros de Finanças da UE, se reunirá para debater formas de ajuda à Grécia. Mas analistas consideram improvável que alguma decisão seja tomada.

Tanto Grécia quanto a Espanha enfrentam ainda a resistência da população aos pacotes de austeridade fiscal. Na Espanha, que viu sua economia cair 3,9% em 2009, as centrais sindicais estão convocando um protesto nacional contra a ampliação da idade de aposentadoria de 65 para 67 anos. A Itália, por sua vez, teve o pior desempenho desde 1971, com o PIB recuando 0,2% no quarto trimestre e 4,9% no resultado fechado do ano.

(*) Com agências internacionais

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