terça-feira, 10 de agosto de 2010

FHC critica uso político da Previ pelos petistas

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Breno Costa

DE SÃO PAULO - O suposto uso da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) para a fabricação de dossiês pelo PT, com acesso a dados sigilosos, é "grave" e cria um "bloco de poder que não é aberto", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"A vinculação entre fundo de pensão, poder de Estado, poder econômico e burocracia de partido cria um bloco de poder que não é aberto. Se, além disso, há uma fabricação de dados comprometedores, é mais grave ainda", disse FHC, após palestra sobre o livro "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, em São Paulo.

A revista "Veja" publicou, no fim de semana, uma entrevista com o ex-diretor e assessor da presidência da Previ Gerardo Xavier Santiago. Segundo ele, o fundo virou uma "fábrica de dossiês" e uma máquina de arrecadação para o partido.

Em Brasília, o deputado ACM Neto (DEM-BA) disse que vai interpelar judicialmente Santiago para obter cópia de documentos com dados de membros da oposição e que pedirá nesta semana que a Polícia Federal investigue os dossiês.

O DEM também quer entrar com representação no Conselho de Ética do Senado contra a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Ela é acusada de usar um dossiê criado ilegalmente na Previ contra ACM Neto durante a CPI dos Correios, em 2005.

A senadora não quis comentar as denúncias. Por assessores, Ideli disse que vai analisar a representação antes de se manifestar.

LULA

Em São Paulo, Fernando Henrique -que apoia o tucano José Serra- criticou ainda a participação do presidente Lula na campanha de Dilma Rousseff (PT).

Segundo FHC, apesar de não ferir a lei, a ida de Lula a comícios ao lado de Dilma significa jogar o "poder de Estado a favor de uma candidatura": "Acho que um presidente não pode ir além de certos limites. Ao se transformar num militante sendo um presidente, você está abusando do poder".

Colaborou a Sucursal de Brasília

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