Delta, cujo dono é amigo de Cabral, firmou com governo do Estado 16 contratos emergenciais, no valor de R$ 137 milhões
Deputados entraram com pedido formal de explicações sobre vínculos do governador com empresários
Gustavo Alves e Italo Nogueira
RIO - Dos 18 contratos firmados entre o governo do Estado do Rio e a empreiteira Delta em 2010, 13 foram feitos em caráter emergencial -o que dispensa licitações.
Os contratos foram firmados entre setembro e outubro, no valor total de R$ 133,7 milhões. A Secretaria de Estado de Obras informou que a emergência diz respeito às chuvas que atingiram o Estado em abril.
Neste ano, dos 4 contratos com o governo estadual, 3 foram feitos em caráter emergencial, no total de R$ 3,6 milhões. O motivo foi o mesmo: as chuvas que atingiram o Estado em fevereiro e abril deste ano.
Além dos contratos firmados, levantamento dos empenhos já pagos à Delta, feito pelo deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), mostrou que, em 2011, dos R$ 241, 8 milhões reservados para a construtora, R$ 58,7 milhões (24,8%) foram em caráter emergencial.
No ano passado, este valor chegou a R$ 127 milhões, ou 23% do total.
O governo do Estado informou ontem que o aumento da participação da Delta se deve ao crescimento do ritmo de obras, depois de um forte ajuste fiscal.
A Delta diz que o percentual de obras emergenciais da empresa no Rio representam menos de 10% do total e se devem a serviços para auxiliar a região serrana após as chuvas de janeiro.
O governador Sérgio Cabral, 47, e o empresário Fernando Cavendish, 48, dono da empreiteira Delta, são amigos de longa data.
Cavendish estava entre os convidados do casamento de Cabral, na época senador, com a advogada Adriana Ancelmo, em 2004, no hotel Copacabana Palace.
EXPLICAÇÕES
Sete deputados estaduais protocolaram ontem um requerimento a Cabral pedindo informações sobre as ligações da Delta e do grupo EBX, do empresário Eike Batista, com o governo do Rio. Os deputados querem informações dos contratos do governo com a Delta.
Também constam do questionamento pedido para explicar o motivo da concessão de benefícios fiscais para o grupo EBX, o cronograma das licenças ambientais das empresas de Eike, as doações eventualmente feitas pela Delta e o grupo EBX, e os atos tomados pelo governo para viabilizar o Porto do Açu, empreendimento de Eike Batista no norte fluminense.
A deputada Clarissa Garotinho (PDT), uma das signatárias do pedido, também entrará na segunda-feira com recurso na Justiça pedindo que seja cumprido requerimento de informações sobre viagens de Cabral.
Protocolado há dois meses, o questionamento ainda não havia sido publicado no "Diário Oficial".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário