O jantar fora
razoavelmente bem, já que a comida servida no Palácio da Alvorada tem fama de
ser pobre em sabor . Tomava-se cafezinho e jogava-se conversa fora sentados em
confortáveis poltronas — a anfitriã Dilma Rousseff e as estrelas mais
reluzentes do PMDB e do PT . Lula não compareceu. Foi quando o senador Valdir
Raupp (RO), presidente do PMDB, protagonizou o único momento de tensão do
encontro.
AVISADOS COM
ANTECEDÊNCIA da indigestão que o assunto causaria na presidente, os convidados
ha-viam evitado falar a respeito de qualquer coisa que lembrasse reforma
ministerial. O assunto pairava sobre eles como se fosse uma nuvem. E como uma
nuvem se dissiparia mais tarde, não fosse Raupp. Alguém falou sobre Minas
Gerais, e Raupp mandou a prudência às favas: “Não seria hora de robustecer a
presença de Minas no governo?” .
A CONVERSA CESSOU DE
REPENTE. Exagera um observador da cena ao dizer que se podia ouvir o barulho
provocado pelo ato de Sarney de enrolar e de desenrolar a gravata. (Lorota!
Quem tinha esse costume era Tancredo Neves, o presidente eleito que morreu sem
tomar posse em 1985.) Dilma não decepcionou a plateia no seu papel preferido de
presidente à beira de um ataque de nervos. Esqueceu apenas os palavrões usados
em despachos com subalternos.
“A HORA NÃO É ESSA e
eu não pretendo tratar tão cedo de mudanças no governo. É assunto que abordarei
no momento apropriado”, encaixou Dilma. Sabe quem ali, na frente dela, ousou
contestá-la? Adivinhe... Ninguém. Sarney salvou a pátria e o jantar .
“Contaram-me uma piada nova”, disse ele. Enquanto Dilma se recompunha, os
demais circunstantes se mostraram vivamente interessados em ouvir a piada. Aí,
Sarney contou-a. “Quando Hebe Camargo chegou ao céu, o anjo que a recebeu
indagou: ‘Cadê o Sarney?’ ”.
AS RISADAS FORAM
INTERMINÁ VEIS. Até Dilma sorriu. O encontrou chegou ao fim sob a atmosfera de
“estamos juntos até a vitória em 2014” . Estamos juntos em termos... O PMDB
continua se achando sub-representado no governo. Se Dilma não der um jeito
nisso, mas chegar a 2014 pronta para se reeleger , a maior fatia do PMDB ficará
com ela. Caso não chegue bem, o PMDB poderá trocá-la por Eduardo Campos (PSB).
Classe média (1) Sob
o título “A classe média, o Estado e a democracia”, a Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República recebeu uma pesquisa encomendada ao
Instituto Data Popular , de São Paulo. Fechada na semana passada, ela ouviu em
56 cidades duas mil pessoas cuja renda média familiar mensal fica entre R$
1.540 e R$ 2.813. Apenas 67% dos entrevistados disseram concordar com a frase
“O meu voto pode melhorar a política brasileira” . E 51% concordaram com a
frase “Prefiro uma ditadura competente a uma democracia incompetente”. _
Classe média (2) A
classe média acredita que é função do Estado oferecer Saúde (75%) e Educação
(70%). E está insatisfeita com a qualidade dos serviços que recebe. No caso de
hospitais públicos, eles são reprovados por 78% das pessoas ouvidas na
pesquisa. No caso do ensino fundamental e médio, por 60%. O nível do ensino
superior divide os pesquisados: 42% o consideram adequado; 45%, baixo. As
instituições nas quais a classe média mais confia são: família (83%), igreja
(60%), presidente (51%), empresas (33%), Justiça (24%), deputados e senadores
(11%).
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário