SÃO PAULO – Pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira (18), que mostrou uma queda de 28 pontos nas intenções de voto na presidente Dilma Rousseff, revelou também que o número de pessoas que pensa em votar nulo ou em branco dobrou dos tradicionais 9% para 18%. Para especialistas ouvidos pela agência O Globo, a pesquisa mostra um clima de insatisfação dos eleitores não só com Dilma, que caiu de 50% para 38%, mas com a classe política. O instituto mostrou que Marina Silva, hoje sem partido, aparece em empate técnico com Dilma em simulação de segundo turno.
"A pesquisa revela o descontentamento da população em relação a diferentes tipos de governo, o que explica o fato de Marina ter crescido tanto", afirma o cientista político Rafael de Paula Araújo (PUC-SP), referindo-se à ex-ministra, que cresceu de 12 para 22 pontos.
De acordo com a pesquisa, Marina, que tenta articular o novo partido Rede, foi o nome que mais cresceu e é a única que, em um eventual segundo turno, empataria com a presidente: 35% para Dilma e 34% para a ex-senadora.
"Marina é a única candidata que mostra maior competitividade com Dilma, mas tem dificuldade de penetrar nas classes populares", avalia a cientista política Maria do Socorro de Sousa Braga (UFSCar).
De acordo com a pesquisa, Marina cresceu dez pontos, Dilma caiu 28, Aécio Neves (PSDB-MG) foi de 9% para 13%, e Eduardo Campos (PSB), de 3% para 5%. Para Maria do Socorro, o crescimento de Marina e o aumento do número de votos nulos mostram a fadiga da sociedade com os partidos.
"É um descrédito total da classe política. Quem está catalizando esse momento, aparentemente, é Marina. O crescimento de Aécio foi pequeno. Por outro lado, Marina não tem capilaridade, nem ela nem o que vier a ser a Rede", diz Maria do Socorro.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Ibope, em associação com o jornal O Estado de S. Paulo, Dilma perdeu intenções de votos entre os mais ricos, e atualmente sustenta a maior parte de sua popularidade no Nordeste, única região onde a intenção de voto é maior que a rejeição. E quem ganhou o apoio dos mais ricos foi Marina.
"A queda de Dilma era esperada e se insere no contexto das manifestações. Marina cresce porque é a menos identificada com o sistema político tradicional", analisa o diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Aldo Fornazieri.
Para Fornazieri e Maria do Socorro, a presidente não respondeu corretamente aos apelos das manifestações de rua que marcaram o mês de junho. Maria do Socorro aponta que Dilma buscou vias tradicionais, enquanto manifestantes criticavam justamente esse modelo.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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