No 5º Congresso do PT, semana que vem, a direção do partido fará desagravo aos condenados Dirceu e Genoino
PT vai fazer desagravo a Dirceu e Genoino no congresso do partido
Rui Falcão contestará julgamento do STF e apontará injustiças nas prisões
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - A direção do PT organiza um desagravo aos três integrantes do partido condenados no julgamento do mensalão e que cumprem pena de prisão em Brasília. O gesto, mais direcionado ao ex-ministro José Dirceu e ao ex-presidente do partido José Genoino, acontecerá durante o 5° Congresso do PT, semana que vem, em Brasília.
Para evitar constrangimentos à presidente Dilma Rousseff, o ato de apoio aos condenados não acontecerá na abertura do evento, quinta- feira à noite, a qual ela estará presente, e sim no dia seguinte, antes das mesas temáticas. O ex-presidente Lula também só participará da abertura do encontro.
A programação do congresso, divulgada ontem à noite pelo PT, anuncia para as 10h de sexta-feira, dia 13, “Solidariedade aos companheiros injustiçados”, sem citar os nomes. Apesar de ter sido preso no mesmo dia em que Dirceu e Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares não tem sido defendido com a mesma ênfase pelos colegas de partido.
Discurso atacará supostos abusos
Caberá ao presidente do PT, Rui Falcão — que será empossado para um novo mandato à frente da legenda —, fazer o discurso em defesa dos companheiros. Falará de supostas injustiças cometidas nas prisões de Genoino e Dirceu, contestará o julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e deverá atacar, principalmente, abusos que o partido entende terem sido cometidos pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.
Neste evento, está prevista a participação de familiares de Genoino e de Dirceu, que também devem discursar. O objetivo é explorar o aspecto humanitário que envolve os petistas condenados, principalmente em relação a Genoino, que pediu para ser transferido para prisão domiciliar devido a seu estado de saúde. Ele fez uma cirurgia cardíaca em julho. Ao decidir promover o desagravo sem a presença da presidente Dilma, o PT quis evitar o risco de uma crise institucional entre dois Poderes, o Executivo e o Judiciário.
O governo tem tentado se descolar do escândalo do mensalão e há uma ordem de silêncio da presidente Dilma para os ministros a respeito do julgamento. Dilma teria criticado recentemente, em conversa com ministros e integrantes do PT, a romaria de parlamentares petistas que foram visitar Dirceu e Genoino no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O entra e sai de políticos, fora dos dias permitidos para visitas, irritou os parentes dos presos comuns, que dormem na fila para ver seus parentes.
Apesar da disposição da direção petista de não deixar passar em branco no 5° Congresso a prisão de Dirceu e de Genoino, pesquisa Datafolha divulgada no último domingo revelou que, entre os entrevistados que se dizem simpatizantes do PT, 87% disseram que o presidente do STF agiu bem ao mandar prender os mensaleiros no feriado de 15 de novembro.
Essa foi uma das medidas consideradas abusivas pelos dirigentes do partido e pela defesa dos presos. Já entre o total de entrevistados, 86% consideraram que Joaquim Barbosa agiu bem ao mandar prender os mensaleiros no dia da Proclamação da República. O levantamento foi feito nos dias 28 e 29 de novembro e ouviu 4.557 pessoas em 194 municípios do país.
Documento ainda passa por mudanças
Após o escândalo do mensalão e com a prisão de expoentes do partido, o PT se colocou como vítima do sistema político atual, na primeira versão do texto base do 52° Congresso. O documento, que ainda passa por modificações e será emendado durante o encontro que reunirá dirigentes petistas de todo país, afirma que o partido “é prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”.
Os petistas negam até hoje que tenha havido compra de votos na época do primeiro governo Lula, e reconhecem apenas a prática de caixa dois. O texto foi escrito pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia.
O 52° Congresso tem o objetivo de renovar o programa partidário, que começará a ser discutido semana que vem e será retomado depois das eleições de 2014. Integrantes da corrente majoritária do PT consideraram um erro realizar o evento agora, temendo que as discussões se confundam com a elaboração da proposta de governo da campanha à reeleição de Dilma.
Fonte: O Globo
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