• Indefinição para julgamento final aumenta com turbulência política e Lava-Jato
Fernanda Krakovics - O Globo
Com uma margem apertada de votos e em meio à turbulência política causada pela Operação LavaJato, tanto o presidente interino, Michel Temer, quanto a presidente afastada, Dilma Rousseff, disputam apoio de senadores para o julgamento final do processo de impeachment, previsto para agosto. O Senado afastou a petista com o apoio de 55 senadores, e para cassá-la definitivamente são necessários 54 votos.
Senadores que votaram pela abertura do processo de impeachment, com a ressalva de não ter opinião formada sobre o mérito das acusações, pretendem esperar a evolução do cenário político para se posicionar. O mesmo acontece com senadores que não compareceram na votação de 11 de maio.
Uma das apostas de Temer para neutralizar eventuais mudanças de voto é o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), cujo filho, Helder Barbalho, assumiu o Ministério da Integração Nacional do governo interino. Helder era ministro dos Portos de Dilma. Jader apoiou a petista até a reta final e, em tratamento de saúde, não compareceu na votação. As ausências contam a favor da presidente afastada.
Apesar de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já ter declarado que não votará, aliados de Temer o pressionam, afirmando que, desta vez, quem conduzirá a sessão será o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Na sessão do dia 11 de maio, Renan afirmou que não votaria porque precisava ser isento na condução dos trabalhos. Na ocasião, disse também que não votaria no julgamento final, porque o presidente do Senado precisa ser imparcial.
— Ele (Renan) não vai colocar a cabeça pra fora tão cedo, vai avaliar como estará o governo Temer em agosto — disse uma pessoa próxima do presidente do Senado.
Além de avaliar como estará o governo Temer, que já teve que afastar dois ministros flagrados em gravações tentando barrar a Lava-Jato, deve pesar na decisão de Renan sua própria situação. Ele é alvo de um inquérito no STF que investiga se ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado receberam propina em uma licitação para renovar a frota da subsidiária da Petrobras.
Os senadores Romário (PSB-RJ) e Acir Gurgacz (PDT-RO), que votaram pela abertura do processo de impeachment, admitiram a possibilidade de rever seus votos. O primeiro, por influência dos contratempos enfrentados por Temer, e o segundo, por pressão de seu partido.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, adiou anteontem decisão sobre punição disciplinar a Gurgacz dizendo que ele se comprometeu a votar contra o impeachment no julgamento final. Procurado, o senador afirmou que ainda não definiu seu voto.
Presidente do PSB, Carlos Siqueira disse duvidar que Romário vá recuar:
— Não é o retorno do desastre personificado por essa senhora que irá salvar a situação. Temos que continuar apostando no governo de transição.
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) foi um dos que votaram pelo afastamento de Dilma, mas deixou em aberto sua decisão final:
— O julgamento é jurídico, mas tem o conjunto da obra da presidente Dilma, que não tem como não levar em conta. Quanto mais o tempo passa, porém, entra também em julgamento o conjunto da obra do governo Temer, que tem tido erros.
Ausente na primeira votação e pressionado pelos dois lados, o senador Eduardo Braga (PMDBAM), que era ministro de Minas e Energia de Dilma, disse que ainda não definiu seu voto. Essa também é a posição do senador Pedro Chaves (PSC-MS), que assumiu após a cassação de Delcídio Amaral. (Colaborou Maria Lima)
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