• Mensagens em poder da PGR indicam pagamento até de cabeleireiro
Em delação, Cerveró disse que a petista acompanhou todos os detalhes da compra de Pasadena e que supõe que ela sabia da propina; delator também falou em negócio com empresa ligada a filho de FH
E-mails em poder da Procuradoria-Geral da República indicam que o dinheiro da corrupção na Petrobras pagava despesas pessoais da presidente afastada, Dilma Rousseff, informa Merval Pereira. Até viagens do cabeleireiro Celso Kamura a Brasília teriam sido pagas com dinheiro do esquema. As mensagens foram trocadas por pessoas envolvidas na compra da refinaria de Pasadena, em 2006,
referendada pelo Conselho de Administração, presidido à época por Dilma, que era ministra de Lula. Nas mensagens, há a informação de que “a ministra” estava ciente dos arranjos dos advogados antes da compra. Em delação, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que Dilma tinha conhecimento de todos os detalhes sobre Pasadena e que supõe que ela sabia das propinas. Cerveró afirmou ainda que, no governo FH, a estatal fechou contrato com empresa que, segundo ele, era ligada a filho do ex-presidente, que nega.
Cerveró, em delação, diz que Dilma sabia sobre Pasadena
• Depoimento indica ainda que presidente afastada saberia de propinas
Carolina Brígido e André de Souza - O Globo
-BRASÍLIA.- Ao contrário de tudo que Dilma Rousseff disse até agora sobre a operação Pasadena, em depoimento de delação premiada na Operação Lava-Jato, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou que a presidente afastada não só tinha conhecimento de todos os detalhes sobre a compra da refinaria nos estados Unidos, como também deveria saber que políticos do PT recebiam propina da Petrobras. Ontem, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, tornou a delação pública. Os depoimentos estavam guardados até ontem em caráter sigiloso.
Cerveró disse que “Dilma Rousseff tinha todas as informações sobre a Refinaria de Pasadena”. A delação também atesta “que Dilma Rousseff acompanhava de perto os assuntos referentes à Petrobras; que Dilma Rousseff, inclusive, tinha uma sala na sede da Petrobras no Rio de Janeiro; que Dilma Rousseff frequentava constantemente a Petrobras, usando essa sala, no Rio de Janeiro; Que Dilma Rousseff conhecia com detalhes os negócios da Petrobras”, diz o depoimento, prestado em 7 de dezembro de 2015.
No entanto, Cerveró pondera que não teve conhecimento de nenhum pedido de propina feito por Dilma. “Que o declarante supõe que Dilma Rousseff sabia que políticos do Partido dos Trabalhadores recebiam propina oriunda da Petrobras; que, no entanto, o declarante nunca tratou diretamente com Dilma Rousseff sobre o repasse de propina, seja para ela, seja para políticos, seja para o Partido dos Trabalhadores. Que o declarante não tem conhecimento de que Dilma Rousseff tenha solicitado, na Petrobras, recursos para ela, para políticos ou para o Partido dos Trabalhadores”, diz a delação.
O depoente contou que o processo de aprovação foi feito às pressas, de forma pouco usual. O depoente também afirmou que recebeu propina no valor de US$ 1,5 milhão. Parte desse dinheiro teria sido repassada ao ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). Cerveró terá de devolver R$ 18,37 milhões à estatal e à União. Esse é um dos pontos do acordo de delação premiada. Cerveró também terá de devolver 10.266 ações da Petrobras que estão no node dele. A venda gerou prejuízo de US$ 792 milhões à estatal.
Em outro trecho da delação, Cerveró relatou um encontro entre o ex-senador Delcídio Amaral e a presidente afastada Dilma Rousseff. Ele ficou sabendo disso por meio de Edson Ribeiro, que já foi seu advogado. Nesse encontro, Dilma teria dito a Delcídio que ela “cuidaria dos meninos’,’ ou seja, do próprio Cerveró e de Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras.
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