- Em entrevista, presidente interino diz que precisa de paz para governar e que aumentos dão tranquilidade
Catarina Alencastro Eduardo Barrettto - O Globo
-BRASÍLIA- O presidente interino Michel Temer elogiou ontem a aprovação do aumento salarial para servidores, cujo impacto até 2019 será de cerca de R$ 60 bilhões, afirmando que o reajuste foi discreto e que seu governo precisa de paz para trabalhar. À noite, recebeu cerca de 30 deputados do chamado “centrão” para agradecer a aprovação das matérias, especialmente o primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga até 2023 a permissão para que a União utilize livremente parte de sua arrecadação, a DRU (Desvinculação de Receitas da União (DRU).
— (O reajuste) de um lado pacifica a relação do governo com as várias categorias de servidores. É um aumento desejado há muito tempo. É um aumento discreto, que praticamente quase não cobre a inflação. É útil para o governo e útil para os servidores porque nós precisamos de tranquilidade, de paz para trabalhar. (Foi considerado) o cálculo político e o cálculo econômico. Isso está previsto no orçamento — disse, em entrevista ao SBT.
Na entrevista, Temer disse que não está tratando do impeachment, mas defendeu que “para o bem do Brasil”, o processo seja concluído o mais rapidamente possível porque seu governo trabalha na provisoriedade e a presidente afastada Dilma Rousseff fica fazendo campanha para voltar ao poder. Segundo Temer, seus interlocutores têm levado a ele a informação de que há, hoje, entre 59 e 60 votos no Senado em favor do impeachment. O presidente interino mencionou ainda que a queda do PIB abaixo das expectativas é um sinal de que seu governo já provoca um efeito positivo sobre a economia.
— A queda do PIB foi menor do que se esperava. Se esperava 0,8 e caiu 0,3, o que já é um indicativo de que esse brevíssimo período em que nós estamos governando já produziu algum efeito positivo, primeiro ponto. Segundo ponto, eu não tenho feito nenhuma movimentação. Soube que o Senado quer antecipar em benefício do país. Convenhamos ficar nessa situação de transitoriedade não é útil para o país. Não é útil para a senhora presidente, que fica naturalmente fazendo campanha para tentar voltar, é natural, e não é útil para o governo porque as pessoas olham ainda como se o governo fosse episódico, transitório — disse Temer.
Perguntado sobre as práticas que levaram Dilma a responder por crime de responsabilidade, Temer afirmou que pedalada fiscal é uma violação à Constituição. E brincou com sua mania de recorrer às mesóclises. Temer disse ainda que tentará evitar a criação de novos impostos. Se não for possível, disse, os novos impostos serão provisórios.
— Se há travessia, atravessála-ei.
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