sábado, 15 de junho de 2024

Eduardo Affonso - Oito meses da barbárie

O Globo

A guerra não é entre judeus e palestinos, mas de palestinos e judeus contra o terrorismo

Sexta-feira, 6 de outubro de 2023. Amigos se encontram para o lançamento de “Trilhas sonoras — Tem vida que dava uma crônica”, do músico e dublê de cronista Oren Perlin. A dele rende muitas: sobre a árdua rotina num kibutz, o noturno salto de paraquedas no Sinai (contando os segundos como quem conta “os compassos que antecedem um acorde”), a pausa na batalha para acompanhar (numa TV em preto e branco, emprestada) a vitória do Brasil sobre a Polônia na Copa de 1978, o estudo de música na Califórnia, corridas matinais pela enseada de Botafogo.

Na apresentação do livro, o rabino Nilton Bonder menciona que “a ausência de ruídos, mesmo quando descreve guerra e combate, encaminha o leitor para um tempo silencioso e próprio”. Carlos Eduardo Novaes sugere que a obra fique, na estante, entre o cronista Rubem Braga e o correspondente de guerra Ernest Hemingway. “Trilhas” é, principalmente, um livro sobre a paz — a persistente construção da paz, desde os primeiros chalutzim que fizeram Israel renascer no deserto.

Estávamos ainda às voltas com os irascíveis garçons do Bar Lagoa, na celebração pós-lançamento, quando, a 10 mil quilômetros dali, na manhã de shabat, o silêncio sempre efêmero da paz foi rompido por uma carnificina. Cerca de 3 mil foguetes atingiram Israel, e centenas de terroristas armados invadiram o país, matando quem encontrassem pela frente: famílias em suas casas, soldados em suas bases, jovens num festival de música. Findo o massacre, os assassinos retornaram a Gaza, levando cerca de 250 reféns, deixando mais de mil mortos e um rastro de estupros, torturas, horror. Tudo documentado — e orgulhosamente exibido depois — pelos próprios criminosos.

Num plot twist que, na ficção, soaria inverossímil, essas cenas (disponíveis na internet, para quem tiver estômago forte) foram convenientemente esquecidas. Condenou-se, desde então, a reação (violenta, desproporcional) dos que buscam resgatar os seus, levados como objeto de barganha. Seriam estes — as vítimas — os bárbaros.

Não. Barbárie é o que houve naquele 7 de outubro. É usar 2 milhões de pessoas como escudo humano, aumentando deliberadamente o número de “mártires” a cada operação de resgate ou ataque a alvos militares —perversamente escondidos em escolas e hospitais. Quase 40 mil palestinos foram mortos — entre terroristas, simpatizantes e inocentes (estes, possivelmente, a grande maioria). Para o Hamas, não são vidas perdidas, mas “sacrifícios necessários”.

O massacre tem data para terminar: quando forem libertados os reféns (a respeito dos quais a esquerda, tradicional defensora dos direitos humanos, vergonhosamente silencia) e aceita a solução de dois Estados — com o reconhecimento de Israel. Quando os senhores da guerra — confortavelmente instalados a prudente distância da terra arrasada — abrirem mão do terror como arma política.

A esquerda brasileira — coberta de razão — protesta contra o absurdo retrocesso na lei do aborto, que pode levar a vítima de estupro a receber pena superior à do estuprador. E não se dá conta de que é assim que procede em relação a Israel.

Só haverá paz quando se entender que a guerra não é entre judeus e palestinos, mas de palestinos e judeus contra o terrorismo — este, sim, o responsável pela barbárie, pela trilha de mortes e gritos de dor.

 

3 comentários:

Daniel disse...

Colunista mentiroso e MAL INTENCIONADO!
"Barbárie é o que houve naquele 7 de outubro." Mas também barbárie é o que houve no dia 8 de outubro, e 9, e 10, e até hoje... Período em que o Estado TERRORISTA de Israel matou 40 mil palestinos, a grande maioria crianças e mulheres como o colunista reconhece. São mais de 8 meses de barbárie, de CRIMES DE GUERRA desde o primeiro dia da vingança israelense. O Hamas matou mais de MIL israelenses, a maioria civis, no dia 7/10. O governo sanguinário do GENOCIDA Netanyahu já matou 40 MIL palestinos, e pretende seguir ASSASSINANDO mais palestinos e destruindo o pouco de infraestrutura de que estes coitados dispõem. O governo Netanyahu e o Estado de Israel são muito piores e mais bárbaros que o Hamas.

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o autor do texto o que nós estamos vivendo é uma guerra total do terrorismo islâmico financiado pelos iatolas do Irã radicais fundamentalistas que querem destruir não só Israel mas toda cultura ocidental apoiada nos ensinamentos cristãos e em cima da liberdade e da democracia Israel está lutando uma luta justa ou se elimina os terroristas do Hamas ou eles nunca terão paz o seu povo estará sempre assustado correndo risco de tomar um foguete em seu apartamento dormindo, na rua ou um homem bomba explodir um ônibus cheio de pessoas inocentes, esses terroristas tem como objetivo destruir Israel e eles precisam ser destruídos para bem de todos nós do Ocidente democrático o terrorismo islâmico tem que ser vencido

Anônimo disse...

O Hamas grupo terrorista desalmado usa seu próprio povo para protegê-los , se escondem em escolas , hospitais ,igrejas pouco se importando com as pessoas que estão ali quando Israel ataca atinge primeiro os civis
Terroristas usam o povo como escudo pra criar essa propaganda que o pessoal embarca de que Israel está matando civil, o próprio Hamas coloca o povo civil na linha de frente pra morrer