Folha de S. Paulo
São tramoias no Congresso, apelos ao STF,
entrevistas ventríloquo, lágrimas de crocodilo
"Uh, vai ser preso!", gritaram
torcedores do Vasco para Bolsonaro quarta-feira
(6) no estádio Mané Garrincha, em Brasília. É um assunto inflamável, que irá
pautar os passos da política em 2025. O procurador-geral da República, Paulo
Gonet, deve apresentar sua conclusão sobre a trama golpista até o fim do mês,
podendo coincidir com o Carnaval —já imaginou? Depois o caso passará para
análise do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O capitão nunca trabalhou tanto na vida como agora, ao tentar evitar a sua prisão. São várias as frentes de luta. No Congresso nacional, há as tentativas de anistia aos participantes do 8/1 e de aprovação de um projeto que praticamente acaba com a Lei da Ficha Limpa, reduzindo de oito para dois anos a punição aos condenados. Quem fortalece essa cartada —como Hugo Motta, o presidente da Câmara— não pode reclamar de ser chamado de golpista.
No front jurídico, a ministra Cármen Lúcia
negou o pedido da defesa do ex-presidente para anular o inquérito sobre a
fraude em certificados de vacinação contra Covid. Foi a partir da investigação
da PF que o pesadelo da cadeia começou, com a apreensão dos celulares de Mauro
Cid, em maio de 2023. Para o êxito do plano de refugiar-se nos EUA, Bolsonaro
teria sido mais inteligente se tivesse tomado a vacina. Não tomou e hoje virou
um jacaré acuado.
É preciso alimentar a tese da perseguição
política e da possibilidade de concorrer à Presidência em 2026, mantendo a
claque das redes sempre a postos. Para isso, Bolsonaro tem se utilizado de
entrevistas do tipo ventríloquo.
Os perguntadores levantam a bola e ele
consegue até verter alguma lágrima (de jacaré?), sem abandonar os ares já
conhecidos de bufão. Enfileira críticas e restrições a todos os candidatos da
direita, da extrema direita e da ala dos influencers. Só existe o inelegível,
que chegou a comemorar a recente pesquisa que coloca Lula à frente dos
principais adversários.
Se o pior acontecer, resta um último ato:
acampamentos para pedir intervenção a Trump e Musk.
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