O Estado de S. Paulo
É instrutivo observar a forma modesta como reagem Lula e Tarcísio de Freitas aos eventos havidos no Rio de Janeiro. O protagonismo da questão “segurança pública” para 2026 parece incômodo a ambos. Já que não podem ter sido pegos de surpresa pela centralidade eleitoral do tema, a hipótese é de que esse incômodo derive da existência concreta do fato “maior operação policial da história contra uma facção criminosa”; como se esperassem que o assunto se derramasse etereamente ano que vem adentro.
Esse era o desejo. O mundo real se impôs. Aí está o episódio; enclave material – um marco – a pressioná-los. Estão cobrados. Instados a se posicionar; e tendo ambos pouco a oferecer em matéria de realizações para segurança pública. Lula, ademais, limitado sob a dificuldade histórica da esquerda em se apropriar da atividade policial como valor, ao mesmo tempo ciente de que a maioria da população aprova a operação. Daí que, não lhe faltando chances de falar a respeito, tenha privilegiado a prudência de comentar em rede social.
A timidez tática faz ganhar tempo tanto
quanto não fará o problema ir embora. Será peleja perdida, no mundo real,
bancar essa conversa de que se deva combater algo como o Comando Vermelho “com
a cabeça”, com inteligência, por cima, no ritmo Lewandowski, quando milhões de
pessoas sobrevivem cercadas por fuzis e com barricadas em suas ruas, muitas das
quais sob a opressão que se expressa em tortura.
Não será fácil para Lula se lançar no debate
sobre segurança tendo o sonolento Lewandowski como ministro, burocrata que age
como se fizesse favor, arrogantemente esperando que um governador declare a
própria incompetência e lhe peça socorro em troca de dois tanques. É delirante,
mais um cujos sensos de urgência e realidade resultam da condição de
cercado-por-seguranças-quenão-atravessa-uma-rua-sozinh
o-à-noite-faz-trinta-anos.
O caso de Tarcísio intriga mais. Governador
do maior Estado do País e habituado a se manifestar sobre todos os temas
nacionais, acanhou-se. Governador de Estado vizinho, preferiu a manifestação
virtual controlada. Um governador de direita, ante evento da direita, que optou
por não tomar para si o discurso candente que oferta pauta competitiva à
direita; a menos de ano das eleições. A bola está quicando, sobre questão
caríssima ao povo, a própria chance de existência neste pós-Bolsonaro,
oportunidade de superação ao gesso alienante da anistia – e o nome mais forte
da direita deixando apelo tano vácuo eà disposição da sorte.
Não haverá vazio político que não possa ser
preenchido por Alexandre de Moraes e o modo onipresente como exerce o poder.
Éon ovo rela torda AD PF das Favelas evirá ao Rio na segunda, a dúvida sendo
sobre se será corregedor ou interventor da segurança fluminense, caso em que
Xandão afinal seria a própria PEC da Segurança Pública, encarnando aquilo, a
concentração de controle, que o governo Lula propunha. •

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