DEU EM O GLOBO
Déficit em transações correntes soma US$ 3,25 bi, o maior já registrado para o mês. Investimento direto bate recorde
Vivian Oswald
BRASÍLIA. O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$3,25 bilhões em fevereiro, o pior para este mês na série do Banco Central (BC) iniciada em 1947, num resultado que surpreendeu analistas, que previam número negativo entre US$ 1,8 bilhão e US$ 3bilhões. O déficit foi consequência de uma deterioração na maioria dos indicadores que compõem as trocas de bens e serviços do país com o exterior.
Houve aumento expressivo de gastos com viagens, transportes e aluguel de equipamentos no exterior (usados para novos investimentos no setor produtivo brasileiro). Além disso, a balança comercial vem acumulando saldo considerado fraco pelo BC neste início de ano.
Diante da conta corrente no vermelho, o BC revisou para pior suas estimativas para o saldo das transações externas em 2010. Agora, espera déficit de US$ 49 bilhões, que, se confirmado, pode ser o pior resultado desde 1947. O maior déficit registrado pela série do BC até agora é o de 1998, de US$ 33,4 bilhões.
Em março, China é o terceiro maior investidor no Brasil Este pode ser ainda o primeiro ano desde 2001 em que os investimentos estrangeiros direto (IED, recursos aplicados pelo setor produtivo) no Brasil não vão compensar integralmente o desempenho negativo das contas externas, embora o BC estime que a entrada desses recursos deva bater recorde este ano. Pelos cálculos da instituição, o IED será de US$ 45 bilhões este ano, o maior de todos os tempos. Em 2001, o déficit em transações correntes foi de US$ 23,21 bilhões, compensado apenas parcialmente pelo IED de US$ 22,45bilhões.
Mas isso não chega a ser uma preocupação, porque o fluxo de recursos está vindo muito forte. Aparentemente, os investidores entendem que o Brasil é um país com risco controlado e nãotem ameaça de explosão das contas externas diz o estrategista chefe do Banco WestLB no Brasil, Roberto Padovani.
O investimento estrangeiro direto somou US$ 2,84 bilhões no mês passado, o melhor saldo para fevereiro da série do BC. Mas não foi suficiente para cobrir o saldo negativo das transações correntes. Dados antecipados para março mostram que o IED deve fechar o mês em US$ 1,5 bilhão, com uma novidade importante: pela primeira vez, a série registra a entrada maciça decapitais da China. O país asiático já estreia em terceiro lugar entre os países que mais investiram no Brasil (com US$ 354 milhões, perdendo para Bermudas, com US$ 649 milhões, e EUA, com US$ 516 milhões).
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, este deve ser o primeiro de muitos meses de destaque chinês e reflete investimentos na extração de minerais metálicos destinados à exportação. O BC prevê ingresso recorde de IED este ano: US$ 45 bilhões. Em março, até o dia22, o montante soma US$ 1,1 bilhão.
No acumulado do primeiro bimestre, o ingresso de investimentos produtivos atingiu US$ 3,639bilhões e, nos 12 meses encerrados em fevereiro, US$ 25,689 bilhões, o correspondente a 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país). Já os investimentos brasileiros diretos no exterior também bateram recorde em fevereiro, com US$ 4,18bilhões.
No bimestre, já somam US$ 5,42 bilhões, o que também é inédito para o período.
OBC refez os cálculos para as contas de viagens, prevendo agora um déficit de US$ 7,5 bilhões em 2010, ante US$ 7 bilhões da previsão anterior, devido às viagens de brasileiros ao exterior. Confirmado o número, será um recorde histórico.
E a explicação para o ímpeto dos brasileiros em viajar e gastar no exterior não está associada somente ao câmbio.
Segundo Lopes, do BC, é o aumento da renda e do emprego na economia a principal razão para esse movimento.
O componente viagem no ano passado não sofreu tanto assim. O déficit ficou em US$ 5,6 bilhões, o que não é pouco para um ano de crise.
Até março, saldo comercial tem queda de 65,9% A balança comercial teve um déficit de US$ 48 milhões na terceira semana deste mês, entre 15 e 21de março. As exportações somaram US$ 3,416 bilhões, com média diária de US$ 683,2 milhões, e as importações atingiram US$ 3,464 bilhões, sendo a média por dia útil de US$ 692,8 milhões. No mês, há superávit de US$534 milhões.
E, no ano, até a terceira semana de março, o saldo comercial acumula superávit de US$ 761 milhões, com média diária de US$14,4 milhões, cifra que ficou 65,9% abaixo da média diária observada no mesmo período de 2009 (US$ 42,1 milhões).
Colaborou Eliane Oliveira
Déficit em transações correntes soma US$ 3,25 bi, o maior já registrado para o mês. Investimento direto bate recorde
Vivian Oswald
BRASÍLIA. O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$3,25 bilhões em fevereiro, o pior para este mês na série do Banco Central (BC) iniciada em 1947, num resultado que surpreendeu analistas, que previam número negativo entre US$ 1,8 bilhão e US$ 3bilhões. O déficit foi consequência de uma deterioração na maioria dos indicadores que compõem as trocas de bens e serviços do país com o exterior.
Houve aumento expressivo de gastos com viagens, transportes e aluguel de equipamentos no exterior (usados para novos investimentos no setor produtivo brasileiro). Além disso, a balança comercial vem acumulando saldo considerado fraco pelo BC neste início de ano.
Diante da conta corrente no vermelho, o BC revisou para pior suas estimativas para o saldo das transações externas em 2010. Agora, espera déficit de US$ 49 bilhões, que, se confirmado, pode ser o pior resultado desde 1947. O maior déficit registrado pela série do BC até agora é o de 1998, de US$ 33,4 bilhões.
Em março, China é o terceiro maior investidor no Brasil Este pode ser ainda o primeiro ano desde 2001 em que os investimentos estrangeiros direto (IED, recursos aplicados pelo setor produtivo) no Brasil não vão compensar integralmente o desempenho negativo das contas externas, embora o BC estime que a entrada desses recursos deva bater recorde este ano. Pelos cálculos da instituição, o IED será de US$ 45 bilhões este ano, o maior de todos os tempos. Em 2001, o déficit em transações correntes foi de US$ 23,21 bilhões, compensado apenas parcialmente pelo IED de US$ 22,45bilhões.
Mas isso não chega a ser uma preocupação, porque o fluxo de recursos está vindo muito forte. Aparentemente, os investidores entendem que o Brasil é um país com risco controlado e nãotem ameaça de explosão das contas externas diz o estrategista chefe do Banco WestLB no Brasil, Roberto Padovani.
O investimento estrangeiro direto somou US$ 2,84 bilhões no mês passado, o melhor saldo para fevereiro da série do BC. Mas não foi suficiente para cobrir o saldo negativo das transações correntes. Dados antecipados para março mostram que o IED deve fechar o mês em US$ 1,5 bilhão, com uma novidade importante: pela primeira vez, a série registra a entrada maciça decapitais da China. O país asiático já estreia em terceiro lugar entre os países que mais investiram no Brasil (com US$ 354 milhões, perdendo para Bermudas, com US$ 649 milhões, e EUA, com US$ 516 milhões).
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, este deve ser o primeiro de muitos meses de destaque chinês e reflete investimentos na extração de minerais metálicos destinados à exportação. O BC prevê ingresso recorde de IED este ano: US$ 45 bilhões. Em março, até o dia22, o montante soma US$ 1,1 bilhão.
No acumulado do primeiro bimestre, o ingresso de investimentos produtivos atingiu US$ 3,639bilhões e, nos 12 meses encerrados em fevereiro, US$ 25,689 bilhões, o correspondente a 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país). Já os investimentos brasileiros diretos no exterior também bateram recorde em fevereiro, com US$ 4,18bilhões.
No bimestre, já somam US$ 5,42 bilhões, o que também é inédito para o período.
OBC refez os cálculos para as contas de viagens, prevendo agora um déficit de US$ 7,5 bilhões em 2010, ante US$ 7 bilhões da previsão anterior, devido às viagens de brasileiros ao exterior. Confirmado o número, será um recorde histórico.
E a explicação para o ímpeto dos brasileiros em viajar e gastar no exterior não está associada somente ao câmbio.
Segundo Lopes, do BC, é o aumento da renda e do emprego na economia a principal razão para esse movimento.
O componente viagem no ano passado não sofreu tanto assim. O déficit ficou em US$ 5,6 bilhões, o que não é pouco para um ano de crise.
Até março, saldo comercial tem queda de 65,9% A balança comercial teve um déficit de US$ 48 milhões na terceira semana deste mês, entre 15 e 21de março. As exportações somaram US$ 3,416 bilhões, com média diária de US$ 683,2 milhões, e as importações atingiram US$ 3,464 bilhões, sendo a média por dia útil de US$ 692,8 milhões. No mês, há superávit de US$534 milhões.
E, no ano, até a terceira semana de março, o saldo comercial acumula superávit de US$ 761 milhões, com média diária de US$14,4 milhões, cifra que ficou 65,9% abaixo da média diária observada no mesmo período de 2009 (US$ 42,1 milhões).
Colaborou Eliane Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário