DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
O rombo das transações com o exterior (Contas Correntes) está aumentando rapidamente . E o próprio Banco Central vai revendo (para cima) suas projeções para 2010.
Em janeiro, previa um déficit de US$ 40 bilhões; em fevereiro, passou a projetar US$ 49 bilhões. Mas um grande número de consultorias especializadas em macroeconomia prevê um saldo negativo maior, entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões.
Os dirigentes do Banco Central repetem que esse déficit, que já é de quase 2% do PIB, não preocupa, porque a entrada de moeda estrangeira cobre a diferença. Só de Investimentos Estrangeiros Direitos (IED), o Banco Central espera, para este ano, US$ 45 bilhões.
E é esse assunto que desperta hoje no Brasil o debate mais acalorado entre economistas. Os mais conservadores estão de acordo com o Banco Central, de que a entrada de capitais dará conta da diferença. Para eles, o principal fator que provoca o sangramento de dólares é a aceleração das importações (de 34%), que, por sua vez, se deve à expansão do consumo a uma velocidade superior à capacidade de oferta da economia. Para esses economistas, o mais importante a fazer agora é reduzir as despesas correntes do governo federal e aumentar os juros básicos com o objetivo de segurar o consumo.
Os economistas ligados às correntes mais à esquerda entendem que o risco de disparada desse déficit é alto. Temem que esteja próximo o dia em que o Banco Central terá de vender reservas para compensar o aumento de despesas com o exterior. Eles querem a desvalorização do real com o objetivo de estimular as exportações e, também, mais controle sobre a entrada de capitais.
O diabo é que não se faz uma desvalorização cambial que mantenha a cotação do dólar constantemente lá em cima sem mexer no resto da economia. É muito difícil conter a entrada de capitais numa conjuntura de grande abundância de recursos nos mercados e, sobretudo, quando os investimentos externos são tão necessários ao País. Além disso, para manter desvalorizado o real, será preciso comprar ainda mais moeda estrangeira, expandir a dívida pública e, assim, aumentar as despesas do governo de outra maneira.
Ninguém mais sustenta o argumento de que a entrada de capitais no Brasil se deve à arbitragem com juros (tomar emprestado lá fora a juros baixos para aplicar os recursos aqui dentro e ganhar com os juros mais altos). O principal diagnóstico dessa corrente é o de que há excessiva liberalidade para entrada de capitais, tanto para aplicações como para investimentos (IED) e que alguma forma de controle esses investimentos têm de ter.
Paradoxalmente, os investimentos de brasileiros no exterior estão aumentando, em razão da globalização da empresa nacional. O fluxo está tão alto que o Banco Central triplicou suas projeções para este ano, de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões (veja o Confira).
Embora pareça mais identificado com a posição liberal-conservadora, o governo não adota nem a recomendação conservadora nem a mais intervencionista e segue aumentando as despesas correntes em 17% ao ano. Parece manobrar para que o ajuste fique para a próxima administração, seja quem for o novo presidente.
CONFIRA
O rombo das transações com o exterior (Contas Correntes) está aumentando rapidamente . E o próprio Banco Central vai revendo (para cima) suas projeções para 2010.
Em janeiro, previa um déficit de US$ 40 bilhões; em fevereiro, passou a projetar US$ 49 bilhões. Mas um grande número de consultorias especializadas em macroeconomia prevê um saldo negativo maior, entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões.
Os dirigentes do Banco Central repetem que esse déficit, que já é de quase 2% do PIB, não preocupa, porque a entrada de moeda estrangeira cobre a diferença. Só de Investimentos Estrangeiros Direitos (IED), o Banco Central espera, para este ano, US$ 45 bilhões.
E é esse assunto que desperta hoje no Brasil o debate mais acalorado entre economistas. Os mais conservadores estão de acordo com o Banco Central, de que a entrada de capitais dará conta da diferença. Para eles, o principal fator que provoca o sangramento de dólares é a aceleração das importações (de 34%), que, por sua vez, se deve à expansão do consumo a uma velocidade superior à capacidade de oferta da economia. Para esses economistas, o mais importante a fazer agora é reduzir as despesas correntes do governo federal e aumentar os juros básicos com o objetivo de segurar o consumo.
Os economistas ligados às correntes mais à esquerda entendem que o risco de disparada desse déficit é alto. Temem que esteja próximo o dia em que o Banco Central terá de vender reservas para compensar o aumento de despesas com o exterior. Eles querem a desvalorização do real com o objetivo de estimular as exportações e, também, mais controle sobre a entrada de capitais.
O diabo é que não se faz uma desvalorização cambial que mantenha a cotação do dólar constantemente lá em cima sem mexer no resto da economia. É muito difícil conter a entrada de capitais numa conjuntura de grande abundância de recursos nos mercados e, sobretudo, quando os investimentos externos são tão necessários ao País. Além disso, para manter desvalorizado o real, será preciso comprar ainda mais moeda estrangeira, expandir a dívida pública e, assim, aumentar as despesas do governo de outra maneira.
Ninguém mais sustenta o argumento de que a entrada de capitais no Brasil se deve à arbitragem com juros (tomar emprestado lá fora a juros baixos para aplicar os recursos aqui dentro e ganhar com os juros mais altos). O principal diagnóstico dessa corrente é o de que há excessiva liberalidade para entrada de capitais, tanto para aplicações como para investimentos (IED) e que alguma forma de controle esses investimentos têm de ter.
Paradoxalmente, os investimentos de brasileiros no exterior estão aumentando, em razão da globalização da empresa nacional. O fluxo está tão alto que o Banco Central triplicou suas projeções para este ano, de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões (veja o Confira).
Embora pareça mais identificado com a posição liberal-conservadora, o governo não adota nem a recomendação conservadora nem a mais intervencionista e segue aumentando as despesas correntes em 17% ao ano. Parece manobrar para que o ajuste fique para a próxima administração, seja quem for o novo presidente.
CONFIRA
Investimentos Brasileiros - São transferências e por isso levam sinal negativo. Quando o sinal é positivo, em geral correspondem a retornos líquidos de empréstimos de empresas nacionais a filiais no exterior.
Em 2010, por exemplo, houve o retorno de US$ 10,1 bilhões desses empréstimos, sem diminuição significativa de participação no capital dessas empresas. Ou seja, as matrizes brasileiras agiram preventivamente a uma situação de crise.
Em 2010, por exemplo, houve o retorno de US$ 10,1 bilhões desses empréstimos, sem diminuição significativa de participação no capital dessas empresas. Ou seja, as matrizes brasileiras agiram preventivamente a uma situação de crise.
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