DEU NO JORNAL DO BRASIL
Ainda em Pernambuco, na juventude que ficou para trás, conta o presidente Lula que comprava cerveja em supermercado, punha as garrafas num balde, deixava-as resfriar num poço e se beneficiava da diferença de preço, para mais, quando as revendia. Quando chegou ao Planalto, aplicou o princípio em escala social e alavancou as categorias sociais D e E ao nível que permite ao pessoal botar o pé na letra C (que deve querer dizer consumo). Lembra que (com ele) o Brasil melhorou, e hoje existem geladeira e energia elétrica, sem esquecer a cerveja, nos pontos mais distantes da geografia nacional.
O presidente antecipa, em cinco meses, que vai deixar ao seu sucessor um país infinitamente mais sólido, justo e democrático. Não explicou o que quer dizer mais sólido e se esqueceu do aumento da produção de cerveja, que deixou o Brasil ainda mais líquido. Mais justo, sem ofensa à Justiça, no plano social, sim. Mostrou resignação democrática por três candidaturas sem sucesso e aceitou a reeleição, à qual era visceralmente contrário, antes de ter o mandato na mão.
Não foi por nenhuma razão menos digna que o eleitorado estranhou Lula por tanto tempo, mas por certa culpa, mais do petismo do que do lulismo. Também não teve a ver com o passado sindical, nem com o viés de esquerda que costurava o sindicalismo mais rico do Brasil. A desconfiança data do exercício entediado do mandato de constituinte. A velha retórica de luta de classes e a recusa da bancada petista em assinar a Constituição (e depois assinando na moita) caíram mal. Assim sendo, o fator oculto que o elegeu e com o tempo vai ficar mais claro foi a inércia do PSDB em estampar o selo da social-democracia nas transformações de natureza econômica e social que trouxeram alívio geral. A democracia, por sua vez, veio a eleger Luiz Inácio Lula da Silva já vacinado contra radicalismos, conforme a carta mais importante depois daquela de Pero Vaz de Caminha remetida aos brasileiros, e que deixou mal a própria direita. Se Lula se farta de popularidade, pode agradecer à apatia da oposição, que nada percebeu quando estava no governo e, de fora, nem sabe mais onde está.
Ao revelar como venceu a última crise internacional que parecia gripe e sabe-se agora não passou de resfriado (graças à diferença de preço entre a cerveja quente e a gelada) Lula estabeleceu que o que vale no Nordeste, vale em qualquer outra parte (exceto nos polos Norte e Sul, onde a cerveja fria pede tratamento inverso). A eleição de Lula destravou a democracia e balizou o caminho em que a política e a economia não perdem de vista o consumo, a razão de ser que o capitalismo inventou antes da teoria. O presidente Lula provou que, mesmo pela direita, é possível ir longe sem fechar o caminho de volta.
Ainda em Pernambuco, na juventude que ficou para trás, conta o presidente Lula que comprava cerveja em supermercado, punha as garrafas num balde, deixava-as resfriar num poço e se beneficiava da diferença de preço, para mais, quando as revendia. Quando chegou ao Planalto, aplicou o princípio em escala social e alavancou as categorias sociais D e E ao nível que permite ao pessoal botar o pé na letra C (que deve querer dizer consumo). Lembra que (com ele) o Brasil melhorou, e hoje existem geladeira e energia elétrica, sem esquecer a cerveja, nos pontos mais distantes da geografia nacional.
O presidente antecipa, em cinco meses, que vai deixar ao seu sucessor um país infinitamente mais sólido, justo e democrático. Não explicou o que quer dizer mais sólido e se esqueceu do aumento da produção de cerveja, que deixou o Brasil ainda mais líquido. Mais justo, sem ofensa à Justiça, no plano social, sim. Mostrou resignação democrática por três candidaturas sem sucesso e aceitou a reeleição, à qual era visceralmente contrário, antes de ter o mandato na mão.
Não foi por nenhuma razão menos digna que o eleitorado estranhou Lula por tanto tempo, mas por certa culpa, mais do petismo do que do lulismo. Também não teve a ver com o passado sindical, nem com o viés de esquerda que costurava o sindicalismo mais rico do Brasil. A desconfiança data do exercício entediado do mandato de constituinte. A velha retórica de luta de classes e a recusa da bancada petista em assinar a Constituição (e depois assinando na moita) caíram mal. Assim sendo, o fator oculto que o elegeu e com o tempo vai ficar mais claro foi a inércia do PSDB em estampar o selo da social-democracia nas transformações de natureza econômica e social que trouxeram alívio geral. A democracia, por sua vez, veio a eleger Luiz Inácio Lula da Silva já vacinado contra radicalismos, conforme a carta mais importante depois daquela de Pero Vaz de Caminha remetida aos brasileiros, e que deixou mal a própria direita. Se Lula se farta de popularidade, pode agradecer à apatia da oposição, que nada percebeu quando estava no governo e, de fora, nem sabe mais onde está.
Ao revelar como venceu a última crise internacional que parecia gripe e sabe-se agora não passou de resfriado (graças à diferença de preço entre a cerveja quente e a gelada) Lula estabeleceu que o que vale no Nordeste, vale em qualquer outra parte (exceto nos polos Norte e Sul, onde a cerveja fria pede tratamento inverso). A eleição de Lula destravou a democracia e balizou o caminho em que a política e a economia não perdem de vista o consumo, a razão de ser que o capitalismo inventou antes da teoria. O presidente Lula provou que, mesmo pela direita, é possível ir longe sem fechar o caminho de volta.
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