DEU NO PORTAL DO PPS
Para Stepan, violência explodiu por descontinuidade no combate ao crime.
Por: Wilson Passos
A violência que se alastra pelo Rio de Janeiro há vários anos não vai ser resolvida apenas com a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). É preciso muito mais. Entram aí medidas concretas para dar uma alternativa de vida para os jovens envolvidos com o tráfico, o maior controle das fronteiras brasileiras para impedir a entrada de armas e drogas no país e um processo radical de "desinfecção" do sistema policial, completamente contaminado pela corrupção e envolvimento com o crime. A opinião é do vereador do Rio e deputado federal eleito Stepan Nercessian (PPS-RJ). Em entrevista ao Portal do PPS, além de debater propostas para o combate à violência, ele traça um cenário de como a população do estado convive com essa situação: "Você vê carro de polícia no morro e não sabe se ele está em incursão, excursão ou se está indo receber, pagar ou prender. Mas é o tempo todo esta relação, tanto é que bandido perdeu medo de polícia". Confira abaixo a entrevista.
Portal – Na sua opinião, os atos de violência que se intensificaram no Rio nos últimos dias são uma reação às políticas de segurança implantadas pelo governo do estado?
Stepan Nercessiam – A minha intuição diz que é uma reação. É algo orquestrado. Não são atos isolados de vandalismo. É uma reação a essa ocupação porque ninguém pode ter imaginado que, encurralando um inimigo, ele desaparece. Ele não evapora. Ele vai para outro lugar. Eles (criminosos) estão nos grandes complexos e tentando dar sinais de que haverá reação. Acho que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) é uma boa medida mas ela não contém soluções mágicas. Portal – Uma das grandes críticas que se faz é ao escancaramento das fronteiras para a passagem de armas pesadas que irão abastecer as organizações criminosas que operam nos grandes centros urbanos. Isso também precisa ser enfrentado?Stepan – Isso sempre foi colocado de uma maneira muita confusa. Sempre quiseram colocar soldadinho na rua, ou botar soldado no morro. Isso já aconteceu e é um paliativo que não dá certo. Não é esse o caminho. Agora a verdadeira obrigação das Forças Armadas é cortar o canal de entrada de armamento, de pirataria, do contrabando. Tudo do crime está aí junto. As coisas entram à vontade no país. O Rio de Janeiro, por exemplo, não faz fronteira com nenhum país que eu conheça. Tem um erro muito grave deste policiamento de fronteira. É a corrupção nas estradas. São as cargas e o contrabando que passam.
Portal – Você acredita que a violência no Rio tem solução?
Stepan – Eu acho que tem. A violência assumiu essa proporção por descontinuidade no combate sistemático de crime. Elas não são políticas públicas. São políticas de governo. Cada governador que entra pensa de uma maneira e a polícia começa a agir de uma maneira. Nada que não tenha continuidade tem eficácia. As pessoas precisam saber que existe um padrão. O Rio de Janeiro tem um problema muito grave que é o da corrupção entranhada no seio das autoridades policiais. Você prende tanto traficante quanto polícia diariamente. Você tem notícias de crime onde tem ou o bandido ou policial envolvido, o que enfraquece a importância e a autoridade policial. Você vê carro de polícia no morro e não sabe se ele está em incursão, excursão ou se está indo receber, pagar ou prender. Mas é o tempo todo esta relação, tanto é que bandido perdeu medo de polícia. Os caras estão dando tiro em cabine policial, tiro em PM.
Portal – Mas a polícia não está tentando fazer uma espécie de faxina interna para expulsar os maus profissionais?
Stepan - Existe um trabalho de reformulação da policia mas, a meu ver, muito tímido. Esta é uma questão. Uma outra questão que eu falo é quase utópica. É que em qualquer situação de guerra, como esta do Rio, aonde você avança sobre os territórios dominados para afugentar o inimigo, deveria se pegar algumas coisas dos códigos de guerras mundiais. Já tenho notícia que tem uma porção de jovens envolvidos: “fogueteiros” (quem avisa sobre a chegada da polícia), “aviãozinhos” (aquele que transporta pequenas quandidades de droga) que não estão nada tranquilos com a perda de território e querem opção. A opção tem que ser acenada. Não tem a delação premiada? Poderia se acenar com uma rendição assistida pela Justiça. Tem muita gente que quer largar o crime e não tem mais como. É um negócio que eu quero lançar. Tem “bandeira branca” até em guerra.
Portal – Você assume em fevereiro próximo o mandato de deputado federal. Vai trazer esta discussão para o Congresso Nacional?
Stepan - Eu tenho impressão (que será discutida), principalmente, no viés da proteção ao menor e ao adolescente porque não é pequeno o contigente de adolescentes e de menores nesta reação com o tráfico. Há de se pensar. De dar possibilidade, de estudar, de eles fazerem alguma coisa.
Para Stepan, violência explodiu por descontinuidade no combate ao crime.
Por: Wilson Passos
A violência que se alastra pelo Rio de Janeiro há vários anos não vai ser resolvida apenas com a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). É preciso muito mais. Entram aí medidas concretas para dar uma alternativa de vida para os jovens envolvidos com o tráfico, o maior controle das fronteiras brasileiras para impedir a entrada de armas e drogas no país e um processo radical de "desinfecção" do sistema policial, completamente contaminado pela corrupção e envolvimento com o crime. A opinião é do vereador do Rio e deputado federal eleito Stepan Nercessian (PPS-RJ). Em entrevista ao Portal do PPS, além de debater propostas para o combate à violência, ele traça um cenário de como a população do estado convive com essa situação: "Você vê carro de polícia no morro e não sabe se ele está em incursão, excursão ou se está indo receber, pagar ou prender. Mas é o tempo todo esta relação, tanto é que bandido perdeu medo de polícia". Confira abaixo a entrevista.
Portal – Na sua opinião, os atos de violência que se intensificaram no Rio nos últimos dias são uma reação às políticas de segurança implantadas pelo governo do estado?
Stepan Nercessiam – A minha intuição diz que é uma reação. É algo orquestrado. Não são atos isolados de vandalismo. É uma reação a essa ocupação porque ninguém pode ter imaginado que, encurralando um inimigo, ele desaparece. Ele não evapora. Ele vai para outro lugar. Eles (criminosos) estão nos grandes complexos e tentando dar sinais de que haverá reação. Acho que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) é uma boa medida mas ela não contém soluções mágicas. Portal – Uma das grandes críticas que se faz é ao escancaramento das fronteiras para a passagem de armas pesadas que irão abastecer as organizações criminosas que operam nos grandes centros urbanos. Isso também precisa ser enfrentado?Stepan – Isso sempre foi colocado de uma maneira muita confusa. Sempre quiseram colocar soldadinho na rua, ou botar soldado no morro. Isso já aconteceu e é um paliativo que não dá certo. Não é esse o caminho. Agora a verdadeira obrigação das Forças Armadas é cortar o canal de entrada de armamento, de pirataria, do contrabando. Tudo do crime está aí junto. As coisas entram à vontade no país. O Rio de Janeiro, por exemplo, não faz fronteira com nenhum país que eu conheça. Tem um erro muito grave deste policiamento de fronteira. É a corrupção nas estradas. São as cargas e o contrabando que passam.
Portal – Você acredita que a violência no Rio tem solução?
Stepan – Eu acho que tem. A violência assumiu essa proporção por descontinuidade no combate sistemático de crime. Elas não são políticas públicas. São políticas de governo. Cada governador que entra pensa de uma maneira e a polícia começa a agir de uma maneira. Nada que não tenha continuidade tem eficácia. As pessoas precisam saber que existe um padrão. O Rio de Janeiro tem um problema muito grave que é o da corrupção entranhada no seio das autoridades policiais. Você prende tanto traficante quanto polícia diariamente. Você tem notícias de crime onde tem ou o bandido ou policial envolvido, o que enfraquece a importância e a autoridade policial. Você vê carro de polícia no morro e não sabe se ele está em incursão, excursão ou se está indo receber, pagar ou prender. Mas é o tempo todo esta relação, tanto é que bandido perdeu medo de polícia. Os caras estão dando tiro em cabine policial, tiro em PM.
Portal – Mas a polícia não está tentando fazer uma espécie de faxina interna para expulsar os maus profissionais?
Stepan - Existe um trabalho de reformulação da policia mas, a meu ver, muito tímido. Esta é uma questão. Uma outra questão que eu falo é quase utópica. É que em qualquer situação de guerra, como esta do Rio, aonde você avança sobre os territórios dominados para afugentar o inimigo, deveria se pegar algumas coisas dos códigos de guerras mundiais. Já tenho notícia que tem uma porção de jovens envolvidos: “fogueteiros” (quem avisa sobre a chegada da polícia), “aviãozinhos” (aquele que transporta pequenas quandidades de droga) que não estão nada tranquilos com a perda de território e querem opção. A opção tem que ser acenada. Não tem a delação premiada? Poderia se acenar com uma rendição assistida pela Justiça. Tem muita gente que quer largar o crime e não tem mais como. É um negócio que eu quero lançar. Tem “bandeira branca” até em guerra.
Portal – Você assume em fevereiro próximo o mandato de deputado federal. Vai trazer esta discussão para o Congresso Nacional?
Stepan - Eu tenho impressão (que será discutida), principalmente, no viés da proteção ao menor e ao adolescente porque não é pequeno o contigente de adolescentes e de menores nesta reação com o tráfico. Há de se pensar. De dar possibilidade, de estudar, de eles fazerem alguma coisa.
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