Não é hora de disseminar patriotadas e resgatar o velho "fora, Yankees!". Acidentes acontecem e o vazamento de petróleo no litoral do Rio é bem menor, por exemplo, do que o da British Petroleum no golfo do México, em 2010.
Feitas as devidas ressalvas, a tragédia ambiental causada pela norte-americana Chevron na Bacia de Campos é de bom tamanho, sim, afeta gravemente a fauna e a flora marítimas brasileiras e merece uma boa reflexão sobre empresas estrangeiras que atuam em áreas tão estratégicas no país. Além de suscitar dúvidas: a Chevron do Brasil tem planos de contingência para acidentes assim?
Um dado particularmente estressante é a "coincidência" de a também estrangeira Transocean estar no centro tanto no incidente aqui, no Brasil, quanto na tragédia lá, no golfo do México. É caso de reincidência. Costuma aumentar penas e multas.
Pelo divulgado até agora, foi a Petrobras que percebeu a mancha de óleo, alertou os órgãos responsáveis, avisou a própria Chevron e, enfim, iniciou o trabalho de limpeza.
Já a Chevron errou ao calcular o risco, ao demorar a admitir o vazamento, ao não ter um plano de contingência -nem sequer um robô capaz de identificar imediatamente a origem do problema. E continua errando na operação para reduzir danos.
Aqui não é a casa da mãe Joana. Temos lá nossos escândalos e bizarrices, mas a licença pode ser cassada, o Ibama aplica a pena máxima ambiental de R$ 50 milhões, como anunciado ontem, e o governo do Rio pode cobrar a reparação de prejuízos dos pescadores lesados.
A punição é um alerta para a Chevron e para grandes empresas que são bem-vindas para parcerias no Brasil, mas com direitos e deveres, não só para sugar petróleo e lucros.
Ao reagir, o Brasil serve de padrão para países da África, do Caribe e da própria América do Sul, que as potências e suas empresas ainda tratam como suas colônias. Não são mais.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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