Insatisfeita com o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a presidente Dilma Rousseff pretende transferir do Ministério do Planejamento para a Casa Civil a gerência de áreas de infraestrutura - como rodovias e ferrovias. Dilma avalia que o PAC é fundamental para ajudar a aquecer a economia, que parou de crescer no terceiro trimestre. As mudanças no plano, considerado uma das vitrines do governo, dvem ocorrer no ano eleitoral. A ideia é reforçar o perfil técnico da Casa Civil - comandada por Gleisi Roffmann, pré-candidata do PT ao governo do Paraná - e desafogar o Planejamento, dirigido por Miriam Belchior
Dilma quer Casa Civil de novo à frente do PAC para acelerar investimentos
Preocupada com execução do plano de crescimento do governo e com desaquecimento da economia, presidente pretende que Gleisi, que será candidata em 2014 no PR, comande infraestrutura
Vera Rosa e Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Insatisfeita com o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a presidente Dilma Rousseff pretende transferir a gerência de áreas de infraestrutura do plano - como rodovias, ferrovias e recursos hídricos - da seara do Ministério do Planejamento para a Casa Civil.
Dilma avalia que o PAC é fundamental para pôr combustível na economia - que parou de crescer no terceiro trimestre - e garantir taxa de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2012, impulsionada por investimentos públicos. Há 17 dias, o secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, admitiu que os investimentos do PAC, em 2011, não contribuíram para acelerar o crescimento, nesse momento de crise internacional. Levou uma bronca de Dilma.
As mudanças no programa, considerado uma das principais vitrines do governo, devem ocorrer no ano eleitoral de 2012. A ideia de Dilma é reforçar o perfil técnico da Casa Civil - comandada por Gleisi Hoffmann, pré-candidata do PT ao governo do Paraná, em 2014 - e desafogar o Planejamento, dirigido pela também petista Miriam Belchior.
A presidente está preocupada com a execução do PAC, definida como muito baixa, e avalia que é hora de apertar o cerco sobre determinados eixos, como o de transportes. Dilma não vai, porém, retirar toda a coordenação do PAC do Planejamento, já que Miriam sempre foi seu braço direito nessa tarefa.
No diagnóstico do Planalto, o Planejamento acabou ficando "sobrecarregado", pois já cuida do Orçamento, da política do funcionalismo público e do patrimônio da União.
O primeiro movimento para "aliviar" o ministério ocorreu no mês passado, quando Dilma determinou que a Autoridade Pública Olímpica (APO), responsável por coordenar as ações dos Jogos de 2016, passasse do Planejamento para o Esporte.
Redesenho. Chamada de "mãe do PAC" no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma decidiu redesenhar a Casa Civil, que comandou de 2005 a 2010. Sob Antonio Palocci, que deixou a pasta em junho, acusado de turbinar o patrimônio em 20 vezes, a Casa Civil adquiriu feição mais política, e programas importantes, como o PAC, foram despachados para o Planejamento.
Agora, esse perfil pode mudar novamente. A tendência é que a gestão de importante fatia do PAC retorne à Casa Civil, que já está cuidando das licitações dos aeroportos para a Copa de 2014. Mas o programa Minha Casa, Minha Vida deve continuar sob a supervisão de Miriam. Em reunião realizada na semana passada, Dilma pediu pressa na execução da segunda etapa do plano habitacional.
Hoje, o maior orçamento do PAC, de R$ 17,1 bilhões, está no Ministério das Cidades. Ali abrigado, o PAC da habitação tinha R$ 12,6 bilhões disponíveis para gastar no Minha Casa, Minha Vida 2, mas, até o último dia 1.º, só liberou R$ 8 milhões, além de pagar R$ 5,6 bilhões de restos contratados no governo Lula.
Na outra ponta, o Ministério dos Transportes ocupa a segunda posição no ranking da destinação de dinheiro reservado ao PAC. Tinha R$ 15,4 bilhões para gastar neste ano em obras em estradas e ferrovias, mas só conseguiu pagar R$ 4,5 bilhões, menos de um terço do total previsto.
Faxina. A reformulação prevista no PAC ocorre no rastro da "faxina" administrativa, que derrubou sete ministros, seis por acusações de irregularidades. No diagnóstico do governo, as trocas abruptas no comando dos Transportes - alvo de denúncias de corrupção - também prejudicaram o andamento das obras.
Problemas com o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado (TCU) e o Ibama também emperram o PAC, no avaliação do governo. A ferrovia Transnordestina, até hoje não concluída, é um exemplo sempre citado no Planalto. No domingo, o Estado revelou que a transposição do Rio São Francisco, marketing de Dilma na campanha de 2010 e carro-chefe do PAC, foi abandonada pelas construtoras.
Cotada?
A ministra Míriam Belchior era cotada para disputar a Prefeitura de Santo André no próximo ano, mas desistiu da ideia após Dilma deixar claro que quem sair do ministério não retornará se derrotado.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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