Senadores pedem desde cargos em estatais e agências até linhas no BNDES
BRASÍLIA. Os apelos dramáticos da presidente Dilma Rousseff pela aprovação da Desvinculação dos Recursos da União (DRU) e pela derrubada do aumento do repasse da União para Saúde, previsto na Emenda 29, atiçaram o apetite dos senadores aliados. Nas últimas horas, eles colocaram na mesa de negociação desde indicações de apadrinhados para cargos ainda não vagos, sobretudo no setor elétrico e na Petrobras, a linhas de financiamento no BNDES para projetos nos estados, e controle de agências reguladoras e de superintendências regionais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e seu secretário de Relações Institucionais, Paulo Argenta, transferiram-se para o Senado nos últimos dois dias para anotar pedidos e mudar o voto de pelo menos cinco senadores aliados que ameaçavam votar contra o governo. E conseguiram.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), segundo relatos de correligionários, é um dos que têm a maior lista de pleitos sendo negociados.
Além de tentar indicar o maranhense Allan Kardec Duailibe para a vaga de Haroldo Lima na presidência da Agência Nacional de Petróleo (ANP), vaga a partir de semana que vem, Sarney negocia nomes no comando da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Sarney e o senador Lobão Filho (PMDB-MA) estariam brigando, tanto no PMDB quanto no PT, pelo controle até mesmo de outras diretorias da ANP, contando que Dilma vai retirar José Sérgio Gabrielli da presidência da Petrobras. Por essa possibilidade, iria para o lugar de Gabrielli a diretora de Petróleo e Gás, Maria das Graças Foster, e, para essa diretoria, a atual diretora da ANP, Magda Chambriard.
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que ameaçou votar contra o governo na Emenda 29 e depois recuou, queria indicar Fernando Câmara, hoje gerente-executivo da ANP, para presidente da agência, mas bateu de frente com Sarney e agora aguarda sua vez.
Na tentativa de acalmar aliados insatisfeitos, Ideli ouviu os mais estapafúrdios pedidos. Não teve nem como prometer que resolveria os pleitos do senador Ivo Cassol (RO), que queria o controle do setor de energia em Rondônia, além de participação em indicações na Eletrobras e Eletronorte. Não foi atendido e manteve voto contra o governo.
- O Cassol pediu tanta coisa que, se tudo fosse somado, daria meio orçamento da Petrobras. Coisas impublicáveis! - disse um líder da base.
Com os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Francisco Dornelles (PP-RJ) e Magno Malta (PR-ES), Ideli incluiu a retirada de urgência do projeto que reduz o ICMS para importação, linhas de crédito especiais no BNDES para projetos nos estados, e o adiamento da votação da distribuição de royalties para 2012.
- Eu diria que fomos tratados com justiça - disse Ferraço, justificando a negociação.
FONTE: O GLOBO
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