Em vez de defender Roberto Jefferson, seu cliente, o advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa partiu para um ataque feroz contra o ex-presidente Lula e o procurador-geral, Roberto Gurgel.
Nunca antes neste país -nem mesmo contra Fernando Collor, já na lona, após o impeachment- uma defesa oral foi tão virulenta no Supremo Tribunal Federal contra um procurador-geral e contra um ex-presidente da República.
Segundo o advogado, que reflete bem o estilo, a personalidade e a beligerância do cliente, o procurador "não fez o seu trabalho" no processo do mensalão e "sentou em cima" da ação do bicheiro Cachoeira.
Para ele, Gurgel tratou Lula como "um pateta", pois disse que tudo ocorria dentro de quatro paredes no Planalto, sob suas barbas, mas o presidente não sabia de nada.
"Deixaram o patrão de fora. Aliás, o procurador-geral deixou. Essa oração tem sujeito", acusou o advogado, para quem Lula "foi omisso e traiu a confiança do povo".
Barbosa, porém, caiu numa contradição. Ao mesmo tempo em que disse que Lula "não só sabia como ordenou" o esquema, ele relatou que o presidente, ao ser alertado por Jefferson numa conversa com a presença de Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia, ficou surpreso, até emocionado, "com lágrimas nos olhos".
Se só soube depois, como Lula poderia ser mandante? Afinal, ele sabia, ordenou, era "o mandante", "o patrão"? Ou não sabia de nada e até chorou ao ser informado?
O advogado também tentou intrigar os ministros com o procurador, que -acusou ele- produziu a acusação sem provas e sem Lula, para "jogar o povo contra este tribunal".
No final, arriscou uma explicação heroica para a inclusão do cliente no rol de réus: a intenção era "silenciá-lo, para que não abrisse essa sua boca enorme". Como se Jefferson já não tivesse escancarado sua bocarra -e feito um estrago de bom tamanho.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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