Dilma Rousseff leu com mais atenção a edição recente da revista "The
Economist" a respeito da troca de poder na China do que a que tratou da
eleição nos EUA.
Ontem à noite, nenhum assessor estava instruído a enviar informes
instantâneos a Dilma sobre a disputa entre Barack Obama e Mitt Romney. A
presidente estaria num jantar com as cúpulas do PT e do PMDB.
Em conversas reservadas, Dilma e alguns ministros palacianos se declaram
mais simpáticos a Obama. Mas Romney na Casa Branca não causa comoção no
Planalto. Há algum tempo os políticos brasileiros aprenderam que são sutis as
diferenças entre democratas e republicanos. Ambos têm seus encantos -sobretudo
a sempre mencionada vocação maior dos republicanos para o comércio e os
negócios.
Ao analisar esse cenário, alguém na cúpula do governo brasileiro lembrou
ontem que o candidato republicano disse, durante a campanha, ser necessário
aliviar os EUA da dependência do petróleo da Venezuela e do Oriente Médio.
Haverá então um investimento maciço de dólares norte-americanos na exploração
do pré-sal no Brasil? Se sim, um Romney presidente pode ser uma boa notícia
para os brasileiros.
Um outro fator conta para a relativa frieza de Dilma em relação a Obama.
Nunca houve uma química perfeita entre ela e o colega norte-americano. Muito
menos com a secretária de Estado, Hillary Clinton, por quem a brasileira não
nutre a menor simpatia -o que é recíproco.
Dilma também acha que com Obama as coisas não andam como deveriam. O
marketing supera a ação. Compara-o sempre com o presidente da China, Hu Jintao.
Já se encontrou com ambos. Depois das reuniões, notou a chegada de mais
investimentos chineses do que dos EUA.
Para o Planalto então tanto faz, Obama ou Romney? Não chega a tanto. O fato
é que não há torcida efusiva para um ou para outro.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário