quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Oposição pede que Lula seja investigado por mensalão

Documento assinado pelo PPS e por alguns integrantes do PSDB pede que a Procuradoria-Geral da República abra novo inquérito para investigar se o ex-presidente Lula atuou no esquema do mensalão.

O texto diz que as recentes afirmações de Marcos Valério, operador do esquema, justificam a abertura de nova investigação que tenha Lula como foco.

O STF retoma hoje o julgamento do caso.

Dividida, oposição pede investigação contra Lula

PPS e ala do PSDB querem apuração de suposto elo de petista com mensalão

Para DEM e tucanos que não assinaram pedido, fracasso da ação pode dar "atestado de bom-moço" ao ex-presidente

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Integrantes da oposição pediram ontem à Procuradoria-Geral da República a abertura de inquérito para investigar se o ex-presidente Lula teve participação no esquema do mensalão.

O documento foi assinado pelo PPS e por alguns integrantes do PSDB -sem consenso, contudo, entre todos os integrantes da sigla. O DEM não quis chancelar o pedido e ficou de fora.

O texto diz que as recentes afirmações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza justificam a abertura de investigação que tenha Lula como foco.

Ele cita trechos de reportagens da revista "Veja" que, em setembro, publicou que o empresário acusa o ex-presidente de chefiar o mensalão.

Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, que ainda não terminou.

No pedido à PGR, os signatários afirmam que Lula tinha uma "íntima ligação" com o então ministro José Dirceu (Casa Civil), condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha.

O texto pede que o procurador solicite à revista indícios listados nas reportagens.

A Procuradoria vai analisar o pedido para decidir sobre a abertura do novo inquérito.

Como o ex-presidente Lula não possui mais foro especial no STF, a Procuradoria poderá enviar o pedido à primeira instância do Ministério Público Federal, que decidirá se segue a apuração ou arquiva o caso.

DIVISÃO

PPS, PSDB e DEM haviam elaborado o documento na semana passada, mas parte do grupo recuou por considerar prudente esperar o fim do julgamento do mensalão.

O PPS anunciou que encaminharia o documento sozinho e, ontem, três tucanos decidiram assinar o texto: o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o senador Aloysio Nunes (SP) e o deputado Mendes Thame (SP).

Eles tomaram a decisão sem o aval do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que está afastado para tratamento médico, e do presidente interino, Alberto Goldman, que foi apenas informado da decisão no início da tarde.

O DEM avisou que ficaria fora por avaliar que, sem indícios concretos da participação de Lula, o pedido tende a naufragar e, de quebra, render um "atestado de bom-moço" para o ex-presidente.

"A prudencia recomenda aguardar o surgimento de evidência mais consistentes para não queimar cartucho nem dar tiro no pé", disse o presidente da sigla, o senador Agripino Maia (RN).

Presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não endossou a representação. "Não foi uma questão discutida amplamente no partido. Mas respeito porque é uma forma de a Procuradoria estar atenta."

Petistas criticaram. "É completamente descabido. A mesma pessoa que disse que Lula não tinha nada a ver com isso agora diz que ele tem", disse o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

Fonte: Folha de S. Paulo

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