Os cidadãos da economia mais forte do planeta escolheram entre duas
propostas bem diferentes, ainda que os partidos às vezes pareçam semelhantes.
Obama prometeu elevar os impostos das grandes empresas e continuar ampliando a
rede de proteção social. Romney prometeu cortar, no primeiro dia, 25% de
impostos das empresas e iniciar uma guerra comercial com a China.
Em um documento chamado "Primeira tarefa do primeiro dia", o
governador Mitt Romney prometeu expedir uma "ordem do executivo"
considerando a China um país "manipulador de moeda" para, em seguida,
colocar sobretaxas sobre as importações chinesas e iniciar sanções contra o país
por "práticas desleais de comércio". Difícil, num cenário assim, é
não ferir os interesses das próprias empresas americanas que têm no comércio
com a China um grande negócio, de meio trilhão de dólares.
A chave do programa proposto pelo presidente Barack Obama é continuar reduzindo
o desemprego. Para grande parte do eleitorado americano essa redução está indo
devagar demais. O desemprego está em 7,9%. Tinha subido para 10% no começo do
governo, por causa da crise herdada que destruiu US$ 17 trilhões de riqueza dos
americanos. A promessa dele foi a de continuar criando emprego através dos
incentivos que tem dado. Romney prometeu criar vagas através da proibição da
"exportação de emprego", o que ele defendeu que era possível com
sanções comerciais contra a China, por exemplo. Os dois lados têm mantido a
defesa do produto "made in America", mas o projeto é mais ameaçador
na proposta republicana.
O governo americano está com seu déficit em níveis historicamente altos,
como se sabe, já tendo batido no teto em 2011. Obama teve muito o que explicar
sobre isso durante o seu governo e campanha. É fácil entender que ele é
resultado da herança deixada por George Bush. Uma das propostas que fez durante
a campanha foi congelar gastos governamentais, reduzir gastos militares num
plano que, se mantido, reduziria a dívida em US$ 4 trilhões em 10 anos. Romney
fez uma contabilidade estranha: ele prometeu a redução imediata de 25% dos
impostos das empresas, a elevação do gasto em defesa, e garantiu que
equilibraria as contas do país porque entende disso, é empresário.
Internamente, Obama aprovou um sistema de saúde com cobertura para doenças
pré-existentes, impedindo os planos de cancelar a cobertura quando a pessoa
adoece, e determinando a contratação do seguro. Romney fez algo parecido em
Massachusetts, mas disse que não poderia ser aplicado ao país. Prometeu revogar
o "Obamacare" no primeiro dia.
Na mudança climática, Romney tem a mesma posição do Bush pai na Rio 92:
disse que é assunto controverso e precisa ser mais bem estudado, defende
abertamente o uso do carvão e propôs a política do "sem
arrependimento" nas emissões dos gases de efeito estufa. Obama disse que a
mudança climática é o maior desafio do século XXI e tem subsidiado novas
energias renováveis. Na ciência, Romney propôs aumentar investimentos em
pesquisas com fins militares; Obama, o oposto: cortou na pesquisa e
desenvolvimento para a defesa e aumentou na área não militar. Em relação às
guerras, Obama retirou as tropas do Iraque e está reduzindo as do Afeganistão.
Romney defende que a permanência no Iraque era a melhor opção.
Obama produziu avanços e desarmou várias bombas que recebeu. Seu programa é
mais atualizado. Romney apresentou um programa em muitos pontos inviável e
desestabilizador. O eleitorado viu propostas polarizadas e fez sua escolha.
Fonte: O Globo
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