- O Estado de S. Paulo
Enquanto seu boneco inflável circula tristemente pelo País e a popularidade do PT vai por água abaixo, o ex-presidente Lula avisa que, “se necessário”, vai disputar um terceiro mandato em 2018. Foi uma mensagem cifrada ou uma ameaça? Se for necessário para o quê?
É bem verdade que, afora Lula, o PT não tem nomes para 2018. Foi perdendo um quadro atrás do outro nos desvios de intenções, metas e recursos, primeiro no mensalão, agora na Lava Jato. Olhando ao redor, Lula deve pensar com seus botões: quem sobrou? A resposta, nua e crua, é que não sobrou ninguém. Pode até surgir um nome, porque política tem dessas coisas, mas, hoje, a sensação é de terra arrasada.
Dilma Rousseff não pode ser candidata e, mesmo que pudesse, Lula e o PT lhe dariam legenda? José Dirceu caiu no mensalão e o petrolão passou por cima. Antonio Palocci conseguiu a proeza de cair duas vezes, uma no governo Lula, outra no de Dilma, e ainda se manter nas campanhas e na definição de estratégias do PT. José Genoino, coitado, foi derrubado pelo próprio partido. Quem mais?
Outras opções seriam as novidades lançadas por Lula como isca, para pescar o futuro. Exemplos: Fernando Haddad, que, pelo que dizem os paulistanos, nas pesquisas e pessoalmente, tem dificuldade até para se reeleger prefeito; Alexandre Padilha, que não deu para o gasto nem na eleição para o governo de São Paulo; Gleisi Hoffmann, que perdeu a eleição para o governo do Paraná e não passa pelo crivo da Lava Jato.
Que tal, então, Guido Mantega? E o líder petista Sibá Machado? Ah! O líder do governo na Câmara, José Guimarães? Talvez o governador Fernando Pimentel, mas ele também tem lá seus probleminhas mal explicados. Desse jeito, por eliminação, acaba dando Aloizio Mercadante, que os petistas não querem e Lula não deixa. Então, vai ter de ser Lula, que é tudo que o próprio Lula não deveria querer?
Quem foi ao fundo do poço, voltou à tona e virou o presidente mais popular da história recente, com estonteantes 85% de popularidade, deve pensar duas, três, mil vezes antes de se lançar numa aventura dessas, mesmo “se necessário”. Seu objetivo número um, a essa altura, não deveria ser evitar a vitória de um tucano ou de quem quer que seja, mas sim interromper o desgaste de sua imagem. Seu horizonte não é mais um mandato e, sim, a história.
Lula tem pouquíssimo a ganhar e muitíssimo a perder num campanha presidencial que tem tudo para girar em torno de três eixos: o desastre do governo Dilma na economia, o rastro do próprio governo Lula no campo ético e o esfarelamento do PT, partido que preencheu os sonhos de toda uma geração.
O que Lula poderia dizer num palanque, numa entrevista ou nas superproduções de TV? Ele teria, ou terá, de passar o tempo inteiro na defensiva, alternando o Bolsa Família e o injustificável. A “herança maldita” mudaria definitivamente de mãos. Como explicar a recessão, o desemprego, os piores resultados das contas públicas em décadas? E a Lava Jato? Se ele disputar, 2018 será uma carnificina e Lula não passará ileso.
Aliás, a ameaça de Lula de concorrer se embola justamente com mais um erro político crasso de Dilma. Falar em ressuscitar a CPMF agora, quando 71% das pessoas a reprovam, emprego e renda despencam, a indústria vai ladeira abaixo, há um esforço de reaproximação com o empresariado e a Câmara está em pé de guerra?
Uma nova CPMF pode até ser recomendável tecnicamente, para tentar reequilibrar os gastos altos e a arrecadação baixa, mas, politicamente, só há uma expressão para definir uma coisa assim: é de uma burrice monumental. Quase tanto quanto Lula se jogar numa eleição que pode ser sua pá de cal.
Intenção: Skaf (Fiesp) ataca Levy porque é contra a política econômica ou porque sonha em ser ministro de um ainda improvável governo do amigo Temer?
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