- Folha de S. Paulo
Os frequentadores da Câmara dos Deputados tiveram uma surpresa nesta sexta (6): além de mostrar os crachás de sempre, servidores e jornalistas se depararam com detectores de metal e filas para entrar na tal Casa do Povo.
Claro, controle é normal para visitantes ocasionais. No país das jabuticabas, pessoas previamente aprovadas para entrar em parlamentos passaram a ser constrangidas porque o "dono da casa" está preocupado com protestos contra si.
Falo de Eduardo Cunha. O peemedebista, acossado pelas revelações do Ministério Público acerca de seu dinheiro na Suíça, foi humilhado nesta semana por um manifestante que lhe cobriu de dólares falsos.
Aparentemente, petistas estão por trás das cédulas, o que se provado garante o ditame do roto falando do esfarrapado, mas pouco importa. A reação de Cunha, que acabou derrubada no fim do dia pela má repercussão, trai um autoritarismo que só faz erodir o que sobrou de sua imagem.
Não que o deputado pareça muito preocupado com ela, assim como boa parte da Câmara não está. A explicação que dá para a presença de milhões seus fora do país fala por si: é ofensiva ao senso comum, e inócua para quem está envolvido na investigação do caso. Mas parece feita sob medida para ser aceita na Casa, ou ao menos pavimentar uma saída honrosa para o deputado.
Afinal de contas, ninguém está questionando a origem do dinheiro de Cunha lá. A dúvida colocada por ora no Conselho de Ética é se ele mentiu quando disse em CPI que não tinha "contas no exterior".
Cunha segue, ainda que drible a cassação, em decomposição política. Um processo que assusta o governo e a oposição, com sinais trocados pelo risco e pela legitimidade, por seu poder de iniciar a análise do impeachment de Dilma. E pela munição que todos temem que ele tenha. Não menos do que por isso, nada indica que ele deixará o palco tão cedo.
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