- Folha de S. Paulo
Demorou, mas enfim saiu a nomeação de uma mulher para o primeiro escalão do governo Temer. Funcionária de carreira, Grace Mendonça será a advogada-geral da União no lugar de Fábio Medina Osório, que sai sem nunca ter tido respaldo do Planalto.
A demissão de Medina foi selada depois de um bate-boca com Eliseu Padilha (Casa Civil) na noite de quinta-feira (8). Padilha e o presidente Michel Temer sempre acharam que o ministro da AGU voava demais, perigosamente e sozinho na Esplanada.
Sua saída estava decidida havia semanas, mas necessitou-se de um quiproquó para Temer trocá-lo.
O episódio evidencia a estratégia frágil da cúpula governista para reagir a situações de desconforto e se livrar de embaraços.
Lá da China, o presidente soltou a infeliz declaração de que os manifestantes do "Fora, Temer" eram "grupos mínimos", de 40, 50, 100 pessoas. "Acho que isso é inexpressivo", disse o peemedebista.
Não tardou para assessores reconhecerem o erro de cálculo político da frase e o tom fora de hora para quem acabara de assumir em meio a um processo de impeachment.
Logo depois, o ministro Geddel Vieira Lima e outros assessores defenderam o adiamento do envio da reforma da Previdência ao Congresso. Agiam sob pressão da base aliada para empurrar a proposta para depois das eleições municipais.
O governo anunciou então uma medida inútil: enviá-la ainda em setembro, mas ciente de que ficará nos escaninhos da Câmara até outubro.
A semana terminou com o Ministério do Trabalho se explicando sobre a história contada pelo seu ministro de aumentar a jornada dos trabalhadores. A pasta divulgou um vídeo nas redes sociais para dizer que estavam espalhando "boatos" por aí.
Depois de três meses e meio de interinidade e dez dias de governo definitivo, Temer acumula informações desencontradas, enquanto se equilibra nas declarações e nos gestos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário