Presidente também deu aval para que ministro se filie a MDB
Marina Dias | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer prometeu que Henrique Meirelles poderá influenciar na escolha de seu sucessor no Ministério da Fazenda caso decida disputar o Planalto.
Em conversa com o ministro no sábado (24), Temer disse que ambos articularão juntos sua eventual substituição em abril e deu aval para que Meirelles se filie ao MDB, fazendo-o avançar algumas casas no tabuleiro que pode levá-lo a ser o candidato do partido nas eleições de outubro.
A promessa deixou mais claro o futuro do Ministério da Fazenda caso Meirelles seja candidato, mas Temer fez ponderações que mostraram um caminho difícil até que os planos do chefe de sua equipe econômica se concretizem.
Os favoritos de Meirelles para sucedê-lo na Fazenda são os seus secretários Eduardo Guardia (Executivo) e Mansueto Almeida (Acompanhamento Fiscal). As expectativas, porém, esbarram no projeto do presidente do MDB, Romero Jucá (RR), que tem estimulado a filiação de Meirelles à sigla, mas quer emplacar Dyogo Oliveira (Planejamento) na Fazenda.
Apesar de ter de arbitrar essa disputa, Temer acredita que ganhará tempo ao dar sinal verde para a filiação de Meirelles, colocando condicionantes para que seu nome seja chancelado pelo MDB como candidato da sigla.
O presidente joga com o fato de seu calendário eleitoral ser mais flexível —ao contrário do ministro, ele não precisa deixar o cargo em abril caso dispute as eleições.
No sábado, Temer ponderou que Meirelles precisa crescer nas pesquisas, visto que hoje ele tem apenas 2% das intenções de voto. O presidente disse ainda que o ministro tem de convencer o MDB de sua candidatura, descrevendo a sigla como "bastante complicada".
SONDAGEM
O ministro da Fazenda encomendou novas sondagens para medir seu potencial de crescimento no eleitorado.
A avaliação de caciques do MDB é a de que Meirelles precisa iniciar uma investida entre as lideranças do partido, principalmente parlamentares, prefeitos e governadores.
No fim do ano passado, a sigla fez uma pesquisa interna sobre quem teria melhores condições para ser o candidato ao Planalto e defender o legado do governo. O resultado revelou preferência por Meirelles, seguido por Paulo Skaf e, só então, Temer.
Após a conversa no Palácio do Jaburu, o ministro disse publicamente que o presidente o estimulou a continuar sua empreitada pela candidatura e garantiu que não disputará a reeleição.
Nos bastidores, porém, Temer passou a considerar seriamente a possibilidade de se lançar na disputa, mas pediu cautela a seus auxiliares mais entusiasmados para esperar possíveis reflexos eleitorais da intervenção na segurança pública do Rio.
A aposta é a de que a ação pode melhorar a baixíssima popularidade do governo, hoje com 70% de reprovação.
Sem apoio de seu partido, o PSD, Meirelles tem dito que só vai se filiar à legenda de Temer se tiver garantias de que será o candidato.
No governo, o discurso é visto como bravata. Na avaliação de auxiliares de Temer, o MDB não pode garantir que o ministro será o nome, visto que há interesses regionais para levar em conta.
Até lá, após o naufrágio da reforma da Previdência, Meirelles manterá o discurso sobre crescimento da economia e criação de empregos que, na sua opinião, são marcas que dependeram do seu trabalho.
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