Folha de S. Paulo
Verba deve reduzir ainda mais a influência do
governo em eleições para presidências da Câmara e do Senado
Sem olhar para trás, Câmara e Senado atropelaram
o governo para turbinar as
emendas parlamentares do ano que vem. Não haverá deputado ou
senador, governista ou de oposição, sem dinheiro grosso para abastecer suas
bases eleitorais em 2024. Para um punhado de cardeais, no entanto, esse jogo já
está em 2025.
O aumento da verba dá um nó precoce nas mãos do governo para a disputa pela sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. O reajuste das emendas fortalece a lógica sindical que rege a Câmara e o Senado, ao mesmo tempo em que diminui ainda mais a influência do Palácio do Planalto sobre os plenários.
O dinheiro é um fundão eleitoral a serviço
dos grupos que mandam no Congresso. A turma usa o aumento das emendas
impositivas para reforçar o slogan da independência do Legislativo e, com a
faca no pescoço do governo, distribui a verba discricionária para complementar
a fidelidade das bancadas.
O inchaço das emendas ajuda a manter a coesão
de uma base de deputados e senadores que depende cada vez mais dos arranjos
internos do Congresso e cada vez menos da boa vontade do Planalto. Arthur Lira
usará essa bandeira para eleger um sucessor na Câmara, e Davi
Alcolumbre fará o mesmo para voltar ao comando do Senado.
Em minoria no Congresso, o governo jamais
teve a ilusão de que teria força para lançar candidatos próprios para presidir
as duas Casas. Poderia ter peso na escolha dos nomes e da agenda defendida por
eles, mas o apetite do centrão praticamente obriga o Planalto a embarcar numa
aliança resignada com o grupo.
A última vez em que um governo tentou usar o
peso de sua caneta para enfrentar o
centrão numa dessas disputas foi em 2015, quando o petista Arlindo
Chinaglia (candidato de Dilma Rousseff) foi derrotado por Eduardo Cunha. A
farra das emendas impositivas começava naquela época. Eram distribuídos cerca
de R$ 16 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. No ano que vem, serão R$
36 bilhões.
Um comentário:
Cruzes!
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