O Estado de S. Paulo
O presidente Lula e o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, festejaram com alarde a melhora da nota de crédito do País
pela agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P). Mas o
PT-raiz e seus aliados mais à esquerda permaneceram calados. Ou, se aprovaram,
fizeram isso com o freio de mão puxado.
Essa atitude eivada de restrições se deve a dois fatores. O primeiro deles é o de que essa melhora da percepção da qualidade dos títulos de dívida do Brasil se baseou em critérios fiscais. A S&P citou como galvanizador desse avanço do rating a aprovação da reforma tributária, cuja homologação aconteceu nesta quarta-feira. Mas o critério supremo é sempre a condição fiscal, a que garante o pagamento da dívida no seu vencimento. Em 2015, a própria S&P rebaixou a nota do Brasil e retirou o grau de investimento logo depois que a então presidente Dilma Rousseff apresentou proposta orçamentária que previa um rombo de R$ 30,5 bilhões.
Ou seja, o critério técnico das agências de
classificação de risco é tudo o que combatem a presidente do PT, Gleisi
Hoffmann, e os mais radicais próceres políticos. Para estes, austeridade fiscal
e política de contenção dos gastos são barreiras para o desenvolvimento e para
a criação de empregos. Ignoram que o equilíbrio das contas públicas é
precondição para o crescimento sustentável da economia e para a definição de
políticas sociais sólidas e sustentáveis. Talvez tenham alguma consciência
disso, mas o que pretendem é mais gastança que alavanque votos nas eleições
municipais o ano que vem para construir as bases para a sucessão em 2026.
O segundo fator pelo qual os mais radicais da
esquerda desdenham os carimbos das agências de classificação de risco é de
natureza ideológica. É o de que estas são instituições ligadas à ortodoxia
econômica, ao chamado “Consenso de Washington”, enfim, ao pensamento e à
administração neoliberal da economia.
O presidente Lula é um equilibrista. Oscila
permanentemente entre os dois mundos. Às vezes, faz o jogo dessas esquerdas e
tenta ridicularizar esforços pela responsabilidade fiscal, supostamente para
dar prioridade a políticas sociais. E em outras, envereda em direção ao
pragmatismo, enaltece o controle dos gastos e dá força ao ministro Fernando
Haddad.
Por sua vez, Haddad é o encarregado de se sentar à boca do caixa e de tentar convencer as bases de que não há futuro sem compromisso com a saúde das contas públicas. E ele está carregado de razão. Há anos o Brasil vive de uma política fiscal errática e frouxa. Em contrapartida, tem de conviver com um crescimento econômico medíocre.
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