Leão XIV traz continuidade a legado de Francisco
O Globo
Mais discreto e reservado, novo Papa tem
outro estilo, mas não deverá tirar Igreja do rumo que tem seguido
Pouco mais de uma hora depois de a fumaça
branca sair da chaminé da Capela Sistina e de os sinos da Basílica de São Pedro
dobrarem, a multidão reunida no Vaticano ouvia
o nome do novo sumo pontífice da Igreja Católica: cardeal Robert Francis
Prevost, de 69 anos, o primeiro Papa americano,
que assume seu pontificado sob o nome de Leão XIV. Emocionado, ele desejou
“paz” aos fiéis e falou de uma “Igreja que avança”. Ressaltou a missão pastoral
e a atenção aos pobres, alinhado com seus antecessores desde o Concílio
Vaticano II, em especial Francisco. “A humanidade precisa de uma ponte para
alcançar a Deus”, afirmou. Começou seu discurso em italiano e, perto do fim,
falou em espanhol se dirigindo às comunidades com que conviveu no Peru, país
onde morou vários anos e se naturalizou.
Nos últimos dois dias, diante do afresco Juízo Final, de Michelangelo, os 133 cardeais de 71 países promoveram um referendo sobre os 12 anos do papado de Francisco. A decisão foi pela continuidade, ainda que em novo tom. Francisco tornou a Igreja Católica mais inclusiva e relevante. Reformista, ressaltou a urgência de atender às demandas dos católicos na sociedade. Acolheu homossexuais — fez história sua pergunta “quem sou eu para julgar?” —, pôs o aquecimento global no topo da agenda, enfatizou a situação de marginalizados e migrantes, abriu a possibilidade de divorciados receberem comunhão e de maior participação das mulheres na Igreja.
A escolha de Leão XIV mostra que linha
similar será mantida. Antes de ser escolhido, Prevost concordava com a ênfase
ao meio ambiente, com o foco nos pobres e migrantes, com a missão pastoral da
Igreja e com a comunhão a divorciados, embora fosse contra a ordenação de
mulheres e ambivalente em relação à bênção a casais gays (o próprio Francisco,
que a aprovava, não mudou as regras do casamento).
A escolha do nome Leão reflete a inspiração
no papado de Leão XIII (1878-1903) — modernizador da Igreja, aberto ao
conhecimento científico (Prevost é formado em matemática) e autor da encíclica
Rerum Novarum, que estabeleceu a Doutrina Social da Igreja. Também não há como
deixar de ver na escolha de um progressista dos Estados Unidos um contraponto
ao radicalismo das políticas de Donald Trump.
Leão XIV terá pela frente enormes desafios.
Há muita diversidade em meio ao 1,4 bilhão de católicos. Cerca de 48% estão em
seu continente de origem, e isso explica a escolha do segundo Papa consecutivo
das Américas. Ao lado da Europa, porém, essa é a porção do planeta que
apresenta menor crescimento no rebanho de fiéis — ao contrário da África. Leão
XIV terá de se equilibrar para não desagradar a nenhum grupo regional.
O novo Papa também terá de lidar com uma
herança menos reluzente, mas não menos presente de seu antecessor. Apesar de
ter tentado combater a corrupção, Francisco não sanou todas as questões
financeiras da Igreja. Persistem ainda problemas no fundo de pensão e déficit
orçamentário. Por fim, Prevost também terá de dar novo ímpeto ao combate a
casos de abuso sexual (ele próprio foi criticado pela atitude diante de
episódios nas paróquias em que servia, embora assevere que tomou as medidas
cabíveis). Mais discreto e reservado, Leão XIV tem na certa outro estilo em
relação a Francisco, mas não deverá tirar a Igreja do rumo que tem seguido.
Avanço
do Brasil no IDH torna mais urgente desafio na educação
O
Globo
País
galgou cinco posições em ranking da ONU graças a melhoras na saúde e na renda,
mas ensino ficou estagnado
É
boa notícia o avanço do Brasil no ranking de desenvolvimento humano da ONU,
calculado com base em indicadores de saúde, escolaridade e renda. O país
alcançou em 2023 o 84º lugar na lista do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud).
No ano anterior, estava cinco posições atrás. Com isso, o Brasil voltou ao
grupo de países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado alto
pelo Pnud.
O
IDH varia entre 0 e 1. Quanto maior, mais desenvolvido o país ou região. No
Brasil, o indicador havia alcançado 0,77 em 2020, mas caiu com a pandemia e a
redução na expectativa de vida. Em 2022, voltou a subir para 0,78 e, pelo dado
de 2023, alcançou 0,786 — valor pouco acima da média da região (0,783) e da
média global (0,756). As posições conquistadas no ranking são resultado mais
das dificuldades do resto do mundo em retornar ao patamar anterior à pandemia.
O Brasil conseguiu, comparativamente, se recuperar mais rápido que o planeta.
A
principal causa foi o progresso na renda e na saúde. Calculada pelo critério de
paridade do poder de compra, usado pelo Banco Mundial, a renda per capita do
brasileiro subiu de US$ 16.609 em 2020 para US$ 17.594 em 2022 e US$ 18.011 em
2023. A queda no desemprego e os aumentos reais concedidos a benefícios sociais
a partir da pandemia explicam boa parte desse salto. Em saúde, o país reverteu
o prejuízo, e a expectativa de vida voltou a crescer. Em 2020, era de 74,5
anos. Caiu para 73 no ano seguinte, em razão das mortes causadas pelo
coronavírus — mas voltou a 75,9 anos em 2023.
Comparativamente,
o Brasil se saiu melhor que o mundo como um todo. O IDH global registrou a
menor alta em seus 35 anos de existência, sobretudo pelo impacto da pandemia na
expectativa de vida. Antes, ela crescia três meses por ano. Em 2022 e 2023, o
crescimento caiu à metade.
No
que diz respeito à educação, contudo, o Brasil continuou estagnado. Os dois
indicadores usados no cálculo do IDH se mantiveram no mesmo patamar. A
expectativa de escolaridade do brasileiro se manteve em 15,8 anos, nível
inalterado desde 2020. E a escolaridade média da população continuou em 8,4
anos, resultado idêntico ao dos dois anos anteriores (em 2020, estava em 8,3).
Nesse quesito, países como Chile ou Argentina apresentam desempenho próximo ao
da Islândia, líder mundial em IDH. No Chile, alunos frequentam a escola por
14,3 anos em média e na Argentina por 11,2.
A
deficiência em educação é mais preocupante levando em conta o cenário traçado
para os próximos anos. Automatização e inteligência artificial terão impacto
transformador no mundo do trabalho. Países que não estiverem preparados não
conseguirão tirar proveito da nova onda tecnológica. A primeira condição para
isso é ter uma população educada e bem formada. Prova de que o Brasil ainda
está muito distante de satisfazê-la é o indicador divulgado recentemente,
segundo o qual quase 30% da população ainda está na categoria dos “analfabetos
funcionais”. Passou da hora de reagir.
No
comando da COP30, Brasil precisa de regulação exemplar
Valor
Econômico
Sem
um discurso unificado no país, e sem regulamentação ambiental que lhe dê
amparo, será difícil que a presidência da COP30 avance na ampliação do
financiamento climático e na execução do Acordo de Paris
A
presidência brasileira da COP30 propôs ao mundo um “mutirão” para enfrentar a
crise climática, mas o apelo parece não ter sensibilizado parte do Congresso e
os Estados. A seis meses da cúpula em Belém, a Câmara e o Senado acumulam
propostas que vão na contramão da preservação do meio ambiente. Os Estados não
avançaram na validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que facilita muito
a grilagem e o desmatamento, especialmente na Amazônia. A falta de unidade
nacional pode enfraquecer a posição do governo nas negociações, já dificultadas
pelas contradições ambientais do Palácio do Palácio e pelo cenário
internacional conflagrado por Donald Trump, um negacionista no comando da maior
economia mundial e a segunda em emissões de CO2.
Levantamento
realizado pela Rede Pró-UC (Valor, 14/4)
mostrou que há pelo menos 27 projetos de lei em tramitação - 13 deles no Senado
e 14 na Câmara - propondo a extinção, a redução ou a recategorização de
unidades de conservação. Uma das áreas ameaçadas é a Reserva Biológica (Rebio)
da Serra do Cachimbo, no Pará, que receberá delegações de todo o mundo para a
cúpula climática. Projetos dos senadores Zequinha Marinho (Podemos-PA) e Nelson
Barbudo (PL-MT) querem transformar partes da Rebio, cujas regras para uso de
recursos naturais são mais restritivas, em Parque Nacional e em áreas de
proteção ambiental (APA), com normas mais flexíveis. Outra proposta, da
deputada federal Geovania de Sá (PSDB-SC), pede a extinção da APA da Baleia
Franca, em Santa Catarina.
A
tentativa de revisar e diminuir espaços de preservação é conhecida de longa
data por ambientalistas, que o batizaram com a sigla PADD (Protected Area
Downgrading, Downsizing and Degazettement, em inglês). No Brasil, um dos casos
mais emblemáticos de profusão de PADDs envolve a Amazônia Legal. Segundo
levantamento do InfoAmazonia, a região perdeu 87.591 km2 de áreas protegidas de
2000 a 2024, o equivalente a 57 cidades de São Paulo, em processo que envolveu
pelo menos 60 alterações na legislação. Outros sete projetos, em tramitação no
Senado ou sob análise na Justiça, ameaçam mais 13.488 km2 - área nove vezes
maior do que a ocupada pela capital paulista.
Não
só o avanço dos PADDs pode criar uma saia justa para o governo às vésperas da
COP. Outros projetos antiambientais aprovados pela Câmara e sob análise do
Senado estão entre as prioridades do ano e podem prejudicar a imagem do país. A
Lei Geral de Licenciamento, amplamente criticada por especialistas, afrouxa
regras e criaria no país um cenário de insegurança jurídica que atrapalharia
novos empreendimentos e negócios. Já a proposta de regularização fundiária, se
não for modificada, abre brechas que podem facilitar a grilagem de terras e o
desmatamento ilegal. Também devem avançar as discussões sobre as obras da
BR-319, defendidas pelo presidente Lula e questionadas por ambientalistas, que
alertam para risco de destruição da biodiversidade em áreas ainda intocadas ao
sul da Amazônia.
Se
o padrão de votações recente for mantido, é altíssima a chance de a boiada
antiambiental prosperar no Congresso. É o que sugere o Índice de Convergência
Ambiental Total (Icat), elaborado pela Virada Parlamentar Sustentável, do
Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). Na atual legislatura, o
indicador da Câmara situa-se em 29,1%, percentual considerado ruim pelos
critérios adotados pelas entidades responsáveis, que comparam os votos dos
parlamentares com o posicionamento do líder da Frente Parlamentar
Ambientalista. O do Senado é ainda pior (25,49%). Houve piora em relação à
legislatura anterior (2018-2022), cujo Icat foi de 43%.
O
desmatamento ilegal é que devasta o país. Ele é imensamente protegido pela
leniência com que o CAR, a autodeclaração de área feita pelo proprietário, é
considerado. O CAR foi tido como um avanço e uma boa solução de compromisso
entre ruralistas e ambientalistas e registrou 7,8 milhões de propriedades. Foi
prorrogado várias vezes, e esse é um defeito sério, mas talvez menor, diante da
não validação dos cadastros pelos Estados.
Radiografia
feita pelo Sistema Florestal Brasileiro, a pedido de O Globo (27/4), revela
situações esdrúxulas. Exemplos: 50 imóveis foram declarados em uma mesma
propriedade, com donos diferentes, todos laranjas. Há “fazendas voadoras”, que
mudam de lugar para evitar responsabilidade por desmatamento na área original.
Foram constatados 470 casos de propriedades sobre rios e lagos. A soma das
áreas declaradas no CAR é maior que a do território nacional.
A
Amazônia é o retrato da morosidade legal estatal. No Amazonas, 75% dos
cadastros aguardam análise e só 0,6% foi validado. No Pará, falta começar a
análise 41% dos imóveis e apenas 11% foram validados. Roraima e no Maranhão têm
mais de 90% dos CARs ainda não analisados. A região é crítica, mas a
performance dos demais Estados é parecida e nada animadora.
Sem
um discurso unificado no país, e sem regulamentação ambiental que lhe dê
amparo, será difícil que a presidência da COP30 avance na ampliação do
financiamento climático e na execução do Acordo de Paris, objetivos
estabelecidos pelo Brasil para a cúpula em Belém.
Aumento de vagas na Câmara é velhacaria
Folha de S. Paulo
STF acerta ao determinar ajuste das bancadas,
mas deputados escolhem caminho falho que custaria mais de R$ 65 mi por ano
Por força da Constituição,
o Congresso
Nacional tem uma missão simples, mas nem por isso desimportante:
atualizar o tamanho das bancadas estaduais na Câmara
dos Deputados, para que se mantenham proporcionais à população dos
respectivos estados —respeitados os limites mínimo de 8 e máximo de 70.
Parlamentares, contudo, resistem a modificar
regras pelas quais foram eleitos, razão pela qual reformas políticas costumam
ser aprovadas somente após pressão da sociedade. Não é outro o motivo que
explica o desprezo do Congresso pela redistribuição de cadeiras na Câmara.
A última vez que se cumpriu esse mandamento
constitucional foi em 1993. Em outras palavras, os censos de 2000 e 2010 foram
solenemente ignorados pelo Poder Legislativo, e
o de 2022 caminhava para o mesmo destino.
Coube ao Supremo Tribunal Federal (STF) dar um basta
na atitude mesquinha. Em 2023, a pedido do Pará, a corte determinou que o
Congresso editasse
lei sobre o tema até 30 de junho deste ano, resgatando a relação
proporcional entre número de deputados e tamanho da população estadual.
Agora, perto do fim do prazo, a Câmara
cumpriu a decisão, mas não sem um toque de velhacaria. Em vez de apenas
redistribuir as vagas existentes entre as bancadas, como seria de esperar, os
deputados ampliaram a quantidade de cadeiras de nove estados.
A artimanha lhes permite respeitar a ordem do
Supremo sem precisar reduzir os postos de algumas unidades da Federação. Assim,
se o projeto for aprovado também no Senado, o
total de assentos na Câmara passará de 513 para 531 —sem que exista
uma única boa justificativa para isso.
Em tempo: o mandamento constitucional tem
razão de ser. Trata-se de tornar mais justos os critérios de
representatividade, garantindo que os votos de todos os brasileiros tenham peso
aproximado. O que não tem razão de ser e não se pode aceitar é a fórmula
proposta pelos deputados.
Calcula-se que, com a criação das vagas,
haverá um custo de quase R$ 65 milhões por ano, aí incluídos salários,
benefícios e estrutura dos novos parlamentares.
De acordo com o deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB),
o valor seria absorvido pelo atual orçamento da Câmara. É difícil acreditar
nessa ladainha —e, se for verdade, isso significa que a Câmara tem desperdiçado
pelo menos R$ 65 milhões anuais.
Mas isso não é tudo. Ainda haveria um aumento
no número de deputados estaduais, já que o cálculo dessas vagas é proporcional
ao total de deputados federais de cada unidade da Federação.
Em outras palavras, o que os deputados
sugerem é que, sem nenhuma evidência de ganhos na qualidade da representação
política, o país despenda mais de R$ 65 milhões por ano em assentos criados com
a única finalidade de evitar a redução de postos parlamentares de alguns
estados.
O Senado, cujas cadeiras não estão em
discussão, poderá impedir esse desatino.
Veto de Lula defende transparência
Folha de S. Paulo
Projeto de lei colocava em risco o escrutínio
dos gastos com servidores do Judiciário, que burla teto com supersalários
Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) seguiu o
interesse público ao vetar
artigos do projeto de lei 4.015, de 2023, que poderiam colocar em risco a
transparência dos gastos com remunerações no sistema de Justiça.
O texto, proposto em 2015 e aprovado no Congresso
Nacional em abril deste ano, visa proteger juízes, promotores e
defensores públicos ao elevar penas para os crimes de homicídio e
lesão corporal dolosa quando cometidos contra esses funcionários.
Entretanto ele ganhou dispositivos, inseridos
pelos parlamentares, destinados a alterar a Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (LGPD), que fixa direitos sobre privacidade individual.
Segundo a emenda, os dados pessoais de
membros do Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública deveriam ser tratados considerando o
"risco inerente" a essas funções, e qualquer vazamento ou acesso não
autorizado precisa ser comunicado às autoridades "em caráter de
urgência" para que sejam tomadas as medidas cabíveis.
Com isso, o texto mudaria a LGPD para que a
pena de multa no caso de infração em relação a dados pessoais fosse aplicada em
dobro quando se tratasse de servidores dessas instituições.
A Controladoria-Geral da União (CGU) defendeu o
veto aos trechos, que a seu ver ameaçavam o acesso a informação. Para entidades
como a Transparência Brasil, abria-se brecha para que fossem bloqueados dados
relativos a remunerações, por exemplo.
Para além da noção controversa de que
endurecer penas é eficaz para coibir criminalidade, infelizmente comum no
Brasil, o projeto colocava em risco o escrutínio de um setor perdulário com o
dinheiro do contribuinte.
Entre 50 países analisados pelo Tesouro
Nacional, o país ocupa o segundo lugar, atrás apenas de El Salvador, em
despesas com tribunais, que chegam a 1,33% do Produto Interno Bruto —ante média
de 0,3%.
Em 2023, foram gastos R$ 156,6 bilhões, sendo
que 80,2% (R$ 125,6 bilhões) do montante foi direcionado ao pagamento de
magistrados e servidores.
O Judiciário brasileiro —com anuência do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que deveria
monitorar suas movimentações financeiras— burla
o teto constitucional do funcionalismo com penduricalhos que criam
supersalários, sem que haja melhoria visível nos serviços prestados à
população.
Não à toa, ferramentas que garantem a
transparência desses dados, como a Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2011,
são fundamentais. O Congresso, que ainda pode derrubar os vetos, faria melhor
se as protegesse.
O desafio de Leão XIV
O Estado de S. Paulo
O papa herda uma Igreja em transformação em
um mundo conturbado. Para ser um pontífice da paz numa era de conflitos,
precisará dialogar sem abandonar convicções, reformar sem romper
“Após um papa gordo, um papa magro”, diz o
provérbio. Após um papa “do fim do mundo”, um papa da nação mais rica e
poderosa do planeta, que liderou uma nova ordem mundial – e agora abala seus
fundamentos.
A Igreja que escolheu o americano Robert
Prevost para chefiá-la também é diferente da que elegeu o falecido Francisco.
Foi o conclave mais global da História. A fé definha no Ocidente, mas cresce no
Oriente. Na América Latina, os evangélicos trazem uma visão nova de Cristo, mas
também dúvidas e desafios. Conversões florescem na África e Ásia, mas também
atritos com ditaduras e o Islã.
O mundo é diferente: conflitos despertam o
espectro da guerra mundial; as democracias estão em recessão, as autocracias,
em ascensão, o multilateralismo, em descrédito. A economia se desacelera; as
populações envelhecem; tecnologias despertam sonhos de empoderamento
sobre-humano, mas também o pesadelo da desumanização.
Na Praça São Pedro, em seu primeiro
pronunciamento após ser eleito papa, Leão XIV pronunciou dez vezes a palavra
“paz”. “Que a paz esteja convosco”, disse, repetindo a saudação do Cristo
ressuscitado. “Uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e perseverante,
que vem de Deus”, e que o papa gostaria que entrasse em nosso “coração”,
alcançasse nossas “famílias”, “todas as pessoas, onde quer que estejam”. E
disse como cumprirá essa missão: com uma Igreja que “constrói pontes, que
dialoga, sempre aberta a receber”, que “caminha”, que busca “sempre a caridade”
e “sempre estar próxima, especialmente dos que sofrem”.
Rios de tinta e saliva correrão sobre o
perfil do pontífice. Seu pontificado se adaptará ao mundo moderno, ou tentará
adaptá-lo? Qual será sua posição ante a causa LGBT, a ordenação de mulheres, a
guerra na Ucrânia ou – inevitável – seu conterrâneo Donald Trump?
Perguntas legítimas, desde que não sejam
reducionistas. A mídia secular aplica sua régua – conservador versus
progressista –, mas os riscos desse achatamento cognitivo são evidentes. Basta
olhar para aquele de quem Leão XIV é vicário. Pode-se afirmar que Jesus não era
nem reacionário nem revolucionário, mas a pergunta sobre se era conservador ou
progressista colapsa tão logo é formulada. Leão XIII, por exemplo, propôs uma
doutrina robusta da justiça social, mas criticou o socialismo e o capitalismo;
dialogou com a modernidade, mas reavivou a teologia patrística e escolástica.
Conservador ou progressista?
A Igreja precisa ser conservadora: ela se vê
como depositária de um dom divino. Mas precisa ser progressista, porque esse
dom não pode só ser conservado: deve penetrar o mundo, expandir-se sobre ele,
transformá-lo. O cristianismo se vê como a síntese de um acontecimento – a
encarnação do Deus-homem –, uma promessa – a união de Deus com a humanidade e a
criação – e uma missão – a realização dessa promessa pela regeneração pessoal,
social e natural.
Prevost tem formação científica, foi
missionário, prior agostiniano e próximo a Francisco. Se quer trazer paz a um
mundo conturbado, tem formidáveis instrumentos nas mãos. A Igreja Católica é a
instituição mais antiga e mais globalizada do planeta – não só seus 1,4 bilhão
de fiéis de todas as etnias, classes e culturas, mas as homenagens de líderes
religiosos, chefes de Estado e pessoas de todo o mundo no funeral de Francisco
são a prova viva.
A Igreja não tem armas nem capital, mas está
na melhor posição para dialogar com protestantes e ortodoxos; com judeus e
muçulmanos – todos filhos de Abraão e tributários de Moisés. Ela compartilha da
fé humanista na dignidade absoluta do ser humano e na fraternidade universal –
mas porque crê em um Pai –; compartilha o anseio muçulmano de servir a um Deus
absolutamente bom – mas um Deus humano.
Nessa missão, o juízo sobre se Leão XIV –
como Francisco e os sucessores de Pedro – será um bom “progressista” ou um bom
“conservador” é secundário. O mundo deve julgar se o papa é um bom homem e um
bom cristão. O critério foi dado pelo seu mestre: amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo, ou, em outras palavras, amar como Cristo
amou. Se Leão XIV for fiel a esse mandamento, será um bom papa – e o mundo terá
um pouco mais de paz.
A prudência do Banco Central
O Estado de S. Paulo
É bom perceber que mesmo sob a presidência de
Galípolo, o ‘menino de ouro’ de Lula, o Copom não cede a pressões e respeita a
realidade ao elevar a taxa básica de juros para 14,75% ao ano
Por unanimidade, o Banco Central (BC) elevou
a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 14,75% ao ano, maior
nível desde 2006, e deixou em aberto os passos a seguir nas próximas reuniões
do Comitê de Política Monetária (Copom). Foi uma decisão prudente em um momento
de tantas incertezas no mundo e no Brasil.
A maioria do mercado financeiro já esperava
esse aumento. Na reunião de março, quando a Selic subiu 1 ponto porcentual, o
BC sinalizou que reduziria a magnitude do aumento dos juros. Apesar de sinais
incipientes de desaceleração econômica, o Copom ponderou que a inflação e seus
núcleos permaneciam acima da meta e que o mercado de trabalho continuava
aquecido.
No comunicado divulgado após a reunião desta
semana, a principal mudança se deu no balanço de riscos. Desde setembro, o BC
avaliava que houvesse mais chances de alta do que de queda da inflação. Agora,
o cenário passou a ser simétrico, com três fatores para cada lado, o que abre
possibilidade, na reunião de junho, tanto para um aumento adicional nos juros
de 0,25 ponto porcentual quanto para o anúncio do fim do ciclo de alta.
Além da desaceleração das economias doméstica
e global, a instituição mencionou o risco de redução nos preços das commodities
como um fator que pode vir a conter a inflação. Na outra ponta, permanecem a
desancoragem das expectativas por período mais prolongado, a resiliência da
inflação de serviços e o conjunto de políticas econômicas externas e internas
com impacto inflacionário maior que o esperado.
Internamente, pouco mudou. A projeção do
Copom para o IPCA deste ano caiu de 5,1% para 4,8%, mas permanece acima do teto
da meta, de 4,5%. Para 2026, a previsão foi reduzida de 3,9% para 3,6%, ainda
superior ao centro da meta, de 3%. A política fiscal do governo Lula da Silva
continua a dificultar o trabalho do BC de trazer a inflação à meta, cenário que
requer uma política monetária “em patamar significativamente contracionista por
período prolongado”, segundo o comunicado.
Já o cenário externo ficou ainda mais
imprevisível, à mercê dos efeitos da agressiva política comercial do presidente
dos EUA, Donald Trump. Temerosos dos impactos do tarifaço, empresas e
consumidores norte-americanos anteciparam importações, e o déficit comercial
bateu recorde de US$ 140,5 bilhões em março.
Por lá, o Federal Reserve (Fed, o banco
central americano) manteve, pela terceira vez consecutiva, os juros inalterados
na faixa entre 4,25% e 4,50%. A despeito do encolhimento de 0,3% do PIB dos EUA
no primeiro trimestre, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação
ainda está acima da meta e afirmou não ter pressa na redução das taxas.
Paradoxalmente, a bagunça promovida por Trump
trouxe ao menos uma vantagem para o Brasil. A queda do dólar fortaleceu o real,
contexto que contribuiu para conter a inflação. Assim, o Banco Central
brasileiro preferiu a cautela de deixar seus próximos passos em aberto.
Em janeiro e março, o Copom optou por seguir
a orientação deixada pelo ex-presidente Roberto Campos Neto e elevou os juros
em 1 ponto porcentual em cada reunião. Desta vez, o presidente do BC, Gabriel
Galípolo, estava livre da sombra do antecessor indicado pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro, e o Copom já tinha a maioria dos diretores indicados por Lula da
Silva. Felizmente, o BC demonstrou união ao aumentar os juros em 0,50 ponto
porcentual.
Coube às centrais sindicais repudiar os
“pipoqueiros” do Banco Central. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) rompeu
a trégua e disse que a chegada de Galípolo não mudou a visão predominante no
BC. Com o “menino de ouro” de Lula à frente do BC, a ministra da Secretaria de
Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, demonstrou raro comedimento ao
mencionar que a indústria cresceu 1,2% em março “apesar dos juros nas alturas”.
Pudera. Diante da crise dos descontos
irregulares de aposentadorias e pensões, o governo Lula da Silva tem assuntos
mais urgentes com os quais se preocupar, o que ao menos reduz a pressão sobre a
política monetária – que, ao que tudo indica, permanecerá restritiva por
bastante tempo.
O medo do adolescente Lucas
O Estado de S. Paulo
Jovem que temia violência em São Paulo é a
mais nova vítima de latrocínio na cidade
A população paulistana assistiu a mais uma
tentativa de roubo de celular que terminou em morte. O caso ocorreu no domingo,
dia 4, no Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo. A exemplo de outros
tantos latrocínios ultimamente registrados na capital paulista, tudo foi
filmado, e a cena de horror que expôs o fim da vida do adolescente Lucas Teles
Santana, de apenas 15 anos, durou menos de dez segundos.
O garoto foi vítima da violência, que,
segundo relatos de parentes, tanto temia. Lucas decidira acompanhar seu primo
de 18 anos e a namorada dele até a casa dela, por volta de 1h da madrugada. Não
queria que o primo voltasse sozinho. Cerca de uma hora depois, os dois foram
abordados por uma dupla de bandidos que estavam em uma moto.
Os criminosos pediram então os celulares dos
jovens, que não reagiram. Lucas ia entregar seu aparelho, mas, decerto
assustado, deixou o aparelho cair no chão. Foi o que bastou para que um dos
bandidos lhe desse um tiro no peito. A dupla saiu em disparada sem levar nada.
Não faz muito tempo, o ciclista Vitor
Medrado, de 46 anos, foi abordado por dois homens numa moto no Parque do Povo,
no Itaim Bibi, na zona oeste. Conforme também registrado por câmeras de
segurança, foi morto sem esboçar qualquer reação.
Os casos de Medrado e Lucas ocorreram
separados por cerca de 40 quilômetros de distância e em realidades
socioeconômicas bastante distintas. Agora, além da semelhança dos nomes, os
dois bairros guardam episódios semelhantes de violência, o que mostra que a
população de toda a cidade tem razão em sentir medo, assim como sentia o
adolescente.
Medrado e Lucas entraram para as estatísticas
do latrocínio. Em todo o ano passado, esse tipo de crime cresceu 23,2% na
capital paulista em relação a 2023, segundo os dados da Secretaria da Segurança
Pública. Foram 53 vítimas. Em 2025, as autoridades têm destacado a queda dos
latrocínios na metrópole. No primeiro trimestre, houve recuo de 27,7% no número
de vítimas desse tipo de crime.
Significa, no entanto, que 13 famílias
paulistanas enfrentaram, entre janeiro e março, o luto pela morte de um parente
em virtude da brutalidade do roubo seguido de morte. Como disse a mãe de Lucas,
Camila Teles, à TV Globo, “só quem é mãe sabe o que é perder um filho”. Por
isso, nenhuma estatística considerada positiva pelo poder público poderá
abrandar essa dor.
Muito mais do que alardear os indicadores de
criminalidade, as autoridades públicas têm de combater o latrocínio com ações
articuladas para desmantelar a vasta cadeia criminosa que tem nos ladrões de
celular apenas uma de suas engrenagens. E isso exige mais patrulhamento
ostensivo da Polícia Militar, para que os bandidos sintam medo, e não a
população, e inteligência da Polícia Civil na investigação de ilícitos
cometidos pelo crime organizado.
O poder público precisa ser capaz de aumentar a sensação de segurança dos paulistanos, provando que casos como o do adolescente Lucas terão punição rigorosa e que, na maior cidade do País, a vida tem valor. Somente isso poderá restituir a tranquilidade dos seus cidadãos.
Leão XIV, papado de ineditismos e desafios
Correio Braziliense
Primeiro agostiniano e primeiro imigrante a
ocupar o trono de São Pedro, o papa Leão XIV poderá ser um ponto de equilíbrio
no mundo em tempos tão conturbados e de guerras
Leão XIV chegou falando em paz e diálogo, com
uma citação de Santo Agostinho logo de início: "Para vós, sou bispo;
convosco, sou cristão". Em seu primeiro pronunciamento, após encerrado o
conclave, o papa eleito ressaltou também a necessidade de se construírem
pontes.
Tudo indica que o novo pontífice seguirá os
passos do antecessor, Francisco, que era jesuíta, especialmente na atenção aos
mais pobres e desvalidos, além de investir na unidade da Igreja Católica. O
diálogo entre extremos, incluindo o inter-religioso, figura entre as
expectativas de religiosos e leigos como compromisso do novo líder de 1,4
bilhão de católicos no planeta.
Primeiro agostiniano a ocupar o trono de São
Pedro, Leão XIV poderá ser um ponto de equilíbrio no mundo em tempos tão
conturbados e de guerras, sendo o conflito mais recente a disputa pela região
da Caxemira entre Índia e Paquistão. Em suas palavras, há busca de paz. Paz
desarmada, um valor caro aos agostinianos, cuja ordem se sustenta nos pilares
da interioridade, da vida em comunidade e dos serviços à Igreja e à sociedade.
Uma Igreja fraterna, que leva também à união interna, longe das fraturas expostas.
O arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor
Oliveira de Azevedo, viu o resultado do conclave com júbilo. E está certo de
que a experiência cosmopolita de Robert Francis Prevost, nome de batismo do
novo papa, poderá ser de grande utilidade para as mazelas planetárias. Em nota,
a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ressaltou que o pontífice
tem a "missão de ser sinal de unidade, amor e esperança para todos os
povos".
Há muitos desafios no horizonte: guerras na
Ucrânia, na Faixa de Gaza e na África, injustiça social, mudanças climáticas,
indiferença com problemas sociais crônicos, crise migratória. Esse último, Leão
XIV, o primeiro papa imigrante, deve conhecer bem.
Seu país natal, os Estados Unidos, enfrentam
uma crise migratória, principal bandeira de campanha do atual presidente,
Donald Trump, que, vira e mexe, fala em erguer muros, não pontes. Por mais de
duas décadas, Prevost trabalhou no Peru, em períodos distintos, onde foi bispo
e missionário, e viajou pela América Latina e países da Europa. Há 10 anos,
também tem nacionalidade peruana.
Para muitos católicos, a escolha de um
cardeal nascido nos Estados Unidos, país de maioria protestante, foi uma grande
surpresa. O nome do agostiniano não estava entre os papabile, ou mais
cotados na lista de apostas. Logo após o tradicional Habemus papam, ele
surgiu na varanda do Palácio Apostólico, no Vaticano, com serenidade e
visivelmente emocionado.
Surpreendente também foi o nome escolhido:
Leão XIV, que deve indicar a que veio, seguindo as pegadas de Leão XIII, cujo
pontificado durou 25 anos, de 1878 a 1903 — portanto, período de transição
entre os séculos 19 e 20. Foi o papa da Rerum Novarum, da abertura da
Igreja para os movimentos dos trabalhadores, de defesa da condição de um
trabalho digno e também das pessoas mais necessitadas. Mas foi ainda o papa do
diálogo entre os grupos da sociedade.
Leão é um nome forte na história da Igreja,
papas de pontificados marcantes e importantes, hoje resgatado para marcar uma
nova fase na vida dos católicos.
Papa Leão XIV: o improvável surge como
equilíbrio
O Povo
Com a saudação "A paz esteja com todos
vocês", o papa Leão XIV se apresentou ao mundo em seu primeiro
discurso na tarde dessa quinta-feira, 8 de maio. Foi a primeira frase dita por
ele, como papa, na sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Ao apresentar-se citando a paz, como "a
primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo
rebanho de Deus", o papa Leão XIV fez referência a "uma paz desarmada
e uma paz desarmante, humilde e perseverante". Após dias de luto pelo papa
Francisco, que morreu em 21 de abril, e horas intensas de ansiedade em torno do
nome do pontífice seguinte, o mundo se voltou para o perfil do então cardeal
dom Robert Francis Prevost.
O agora bispo de Roma é o primeiro
papa norte-americano e o primeiro agostiniano. Em seu discurso inicial, deu
destaque a temas que eram caros a Francisco, fazendo aumentar a impressão de
que o legado do papa anterior deve ser continuado. Assuntos como a acolhida da
Igreja, a urgência pela sinodalidade e a importância de "uma igreja
missionária, que constrói pontes de diálogo", foram citados por Leão XIV
como um chamamento à paz proferida desde o começo, mas, sobretudo e também,
como um compromisso de sua missão a partir de agora.
Como agostiniano, lembrou: "Para
vocês, sou bispo, mas, com vocês, sou cristão". Em referência à ordem
católica da qual faz parte, e na qual se formou em 1985, no Peru, o papa chama
a atenção pelo foco na vida comunitária, nos estudos, na busca pela verdade e no
serviço pastoral, em seguimento aos ensinamentos de Santo Agostinho, um dos
principais teólogos da Igreja. Os agostinianos são conhecidos pela importância
que dão ao diálogo, à caridade e à humildade.
Quando serviu por cerca de 20 anos no Peru,
em uma pequena comunidade a 750 quilômetros de Lima, o então Robert
Prevost era tido como alguém presente na comunidade, de contato direto com
o povo. Em seu discurso inicial como papa, saudou a sua "querida diocese
de Chiclayo, no Peru", que qualificou como "um povo fiel" que
"acompanhou seu bispo e compartilhou sua fé". Expressar-se em
espanhol, durante a sua fala em latim, foi muito simbólico para demonstrar a
proximidade que tem com a América Latina.
Em setembro de 2023, foi nomeado cardeal por
Francisco. Ou seja, não tem muito tempo como cardeal. Mesmo assim, mesmo chefe
do poderoso dicastério dos bispos, o que o fez conselheiro do papa
anterior para a nomeação de prelados, Robert Prevost era um nome improvável
para assumir o papado. Nas apostas informais de quem seria o novo papa, seu
nome quase não aparecia.
No entanto, a sua primeira aparição como
papa, envolta por simplicidade e pela explícita linguagem da alegria, mostrou
que as improbabilidades podem surpreender. Em meio a disputas sobre os perfis,
ele aparece como um ponto de equilíbrio. Que a aproximação do papa Leão XIV com
a América Latina faça-o se achegar também perto do Brasil, abraçando
as causas cearenses, numa demonstração de acolhida missionária.
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