Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.
O lucro da Petrobras em 2012 não foi pequeno - R$ 21,182 bilhões - porém, comparado com o ano anterior, foi 36,3% menor.
Essa informação somada a diversas outras também não muito animadoras, tais como: a demora na implantação de novas refinarias; as incertezas tecnológicas e econômicas sobre a exploração do pré-sal, o represamento do preço dos combustíveis e a indefinição da legislação sobre os royalties levaram à queda acentuada do valor das ações da empresa.
Foram 8,29% num só dia, 5 de fevereiro, logo após a divulgação da imensa queda do lucro líquido. Nos últimos anos, após o entusiasmo da descoberta do pré-sal e a sua arrasadora utilização para o marketing eleitoral do governo, a empresa caiu em quase todos os rankings: das empresa petrolíferas, dos investimentos, do balanço entre as exportações e importações, do valor das ações, de credibilidade e de governança corporativa.
Fica cada vez mais claro a falta de seriedade no trato da sanidade econômica da empresa fazendo com que ela venha sendo utilizada como uma muleta para outras políticas do governo que necessariamente não tem ligação direta com sua vida empresarial.
Um exemplo muito claro é a sua proeminente presença no patrocínio do esporte de alto rendimento e eventos culturais de grande apelo considerando que disputa pouquíssimo mercado, nacional ou internacional, que pudesse ser incrementado por esse maciço investimento e pelo público para o qual é dirigido. Sem entrar nas possíveis maracutaias na concessão desses patrocínios e "apoios culturais". Não que não gostemos de esporte e cultura, mas porque financiá-los com petróleo?
Se a opção do Brasil foi consignar no setor petrolífero a liderança e operação do sistema para uma empresa, mesmo que estatal, foi para que seu trabalho fosse balizado pela lógica empresarial e de mercado, sendo o seu sucesso nessa empreitada o meio de reverter riqueza para o estado através de impostos, dividendos, melhoria da capacidade energética e de infraestrura do país, avanços tecnológicos nacionalizados, presença e competitividade no mercado internacional, etc.
O governo, ao ver a empresa fundamentalmente como um grande cofre de fácil acesso no qual vai buscar recursos que deveriam ser alcançados com a melhoria da gestão dos recursos próprios e na condução da política econômica, pode estar matando a galinha dos ovos de ouro negro.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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