Dilma perto de tirar PSB do governo
Ação obriga PT a entregar cargos no Estado e Recife
Paciência esgotada. A presidente Dilma Rousseff, respaldada pelo PT nacional, decidiu afastar o PSB do governo federal, retirando os socialistas do Ministério da Integração Nacional - ocupado por Fernando Bezerra Coelho, mesmo sendo até hoje um aliado da petista - e do comando de órgãos como as Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Centro-Oeste e a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), ocupados por aliados do governador e presidenciável Eduardo Campos. O ministério deverá ser entregue ao PMDB, reforçando a aliança com o PT para 2014. A Secretaria dos Portos, porém, pode permanecer com irmãos Cid (governador do Ceará) e Ciro Gomes, que se mantêm alinhados à Dilma.
O rompimento deverá ter reflexos imediatos em Pernambuco. Os petistas deverão ter que entregar os cargos no governo do Estado e na Prefeitura do Recife, segundo confirmou, ontem, petista de grande inserção nacional, pedindo discrição. "É lógico. Não teria sentido nenhum ficar", resumiu. A exoneração do PSB do governo, a partir de informações obtidas do próprio Palácio do Planalto, está decidida, segundo o petista. O PT entende que Eduardo quer só ganhar tempo e decidiu forçar o socialista a assumir a candidatura. "O tempo do PT não é o do PSB. A paciência do PT esgotou-se. Há uma certeza de que Eduardo será candidato. É uma questão de tempo. Lula já pediu a ele para não ser, mas (ele) não atendeu. Como Eduardo não toma a iniciativa (de sair), o PT decidiu terminar", revelou.
Procurado pelo JC, o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, afirmou que, embora o partido não leve em consideração a suposta decisão do governo federal, os socialistas vão "monitorar" se a notícia procede ou é ficção. O dirigente ponderou que a presidente Dilma e o próprio PT conhecem bem os canais para comunicar a decisão à legenda. "A presidente Dilma e o PT sabem como procurar o PSB. Não vamos nos pautar por uma notícia de jornal", disparou.
Roberto Amaral concluiu que cabe apenas à presidente Dilma decidir se mantém ou retira o PSB no governo, haja vista que é prerrogativa da petista delegar os postos aos aliados. "Os cargos são da presidente e isso inclui o ministério. Estamos no governo porque ajudamos a construir esse projeto. E estamos nele não por conta de 2014, mas porque lá trás, em 2010, nós decidimos apoiar o PT. E nosso apoio independe da nossa presença no governo federal", arrematou o socialista.
Eduardo esteve ontem no Maranhão para a posse de Luciano Leitoa na presidência estadual do PSB. Por telefone, Eduardo e Amaral trataram da suposta decisão de Dilma.
Lula e Dilma reunidos
Presidente discute com seu antecessor as mudanças que fará na equipe
Em meio a boatos de que vai desalojar o PSB do governo, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, na Granja do Torto, durante seis horas, para discutir a reforma na equipe que fará em janeiro de 2014, para ajustar a máquina ao quadro político-eleitoral. A antecipação de mudanças nos ministérios foi discutida.Uma possível entrada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), no páreo presidencial não surpreende, mas preocupa o governo.
Diante do cenário, o Palácio do Planalto tenta segurar a ala do PSB que se opõe a Campos. O Ministério da Integração Nacional deve ser entregue ao PMDB, desde que o partido concorde em reforçar o palanque de Dilma no Nordeste e em apoiar candidatos do PT na Região.
Todo o esforço será feito para que Dilma liquide a fatura eleitoral no primeiro turno. Dilma e Lula também discutiram a estratégia de dividir o PSB, atraindo o governador do Ceará, Cid Gomes, e o secretário da Saúde, Ciro Gomes, para a campanha da presidente.
Homem da confiança de Lula, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, que presidiu o PSB de Minas e deixou o posto por divergir de Campos, foi convocado para a reunião.
Pelos cálculos do Planalto, no mínimo 12 dos 39 ministros deixarão os cargos para disputar as eleições de 2014. Na lista está a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que será candidata do PT ao governo do Paraná.
A dúvida, agora, é sobre a conveniência de transferir o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para essa cadeira, já que ele deve coordenar a campanha da reeleição de Dilma.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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