Murillo Camarotto
RECIFE - Pré-candidato ao Palácio do Planalto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), vai pregar hoje, em Brasília, um "realinhamento histórico" com políticos dos mais diversos partidos. Ao lado da ex-senadora Marina Silva (PSB), sua provável candidata a vice, o pernambucano vai convocar lideranças de legendas alinhadas com outras candidaturas a se juntarem ao seu projeto presidencial, que até o momento conta apenas com PSB, PPS e o nanico PPL, além do grupo ligado ao Rede Sustentabilidade.
Campos e Marina vão apresentar na Câmara as diretrizes do programa de governo que vão oferecer ao país na eleição deste ano. Segundo apurou o Valor, consta no documento a preocupação em atrair forças políticas independentemente das barreiras partidárias. "Acho que a palavra 'inovação' sintetiza bem o que queremos apresentar. Uma inovação na forma de fazer alianças", disse uma pessoa que ajudou a elaborar o documento.
Um exemplo dessa categoria informal de alianças é o grupo formado pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Eles devem trabalhar pela candidatura de Campos e Marina, apesar de seus partidos integrarem a base aliada ao governo federal.
Parte das propostas que vão ser apresentadas hoje foram colhidas por quase quatro meses em uma plataforma disponível na internet. A utilização da tecnologia para simplificar a participação popular também vai ser defendida pela dupla do PSB durante o evento. "Apoiamos mais interação direta das pessoas com os processos decisórios", disse a mesma fonte.
Campos discursou ontem na abertura do ano legislativo em Pernambuco. Em sua fala, críticas pesadas à política econômica do governo Dilma Rousseff: "A crise que impactou as principais economias desde 2008 - e que veio a afetar o Brasil em 2011 - recrudesceu em 2013, muito em função de um modelo calcado em desonerações tributárias para estímulo ao consumo que, além de não ter sido capaz de gerar riqueza e de afastar o risco da inflação, penalizou fortemente o caixa dos Estados e municípios", disse Campos.
O presidenciável mencionou ainda as manifestações ocorridas no país em junho passado. Segundo ele, as ruas pediram uma "gestão pública operosa, eficiente e pautada por valores democráticos e republicanos".
No mais, Campos listou - em mais de uma hora de discurso - os feitos dos sete anos de sua administração, com destaque para o desempenho da área fiscal. Ele ressaltou que Pernambuco teve superávit nas contas em 2013, apesar de o Banco Central ter apontado déficit de R$ 1 bilhão. O governador explicou que o valor apontado pelo BC desconsidera, entre outras coisas, os mais de R$ 1,4 bilhão que o Estado tinha em caixa na virada de 2012 para 2013.
Questionado sobre o veto de Dilma ao projeto de criação de novos municípios, que está na pauta do Congresso, o pernambucano defendeu que haja uma regra clara que avalie caso a caso. "O que não pode ficar é um vazio legislativo que impeça situações consolidadas. Precisa ter debate equilibrado e um marco que possibilite ter uma regra; o que não temos", completou.
Fonte: Valor Econômico
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