O Brasil oficial só acorda mesmo depois que o Carnaval passa, mas já começou a espreguiçar ontem, com a reabertura do Judiciário e do Legislativo.
De manhã, Dilma aproveitou a posse dos novos ministros para mais um discurso de defesa de sua política econômica. Logo depois, veio a balança comercial: a pior em 20 anos.
À tarde, Henrique Alves e Renan Calheiros fizeram apaixonada defesa da Câmara e do Senado, depois da leitura longa e estéril da mensagem presidencial. Henrique desmentiu que o Congresso esteja "armando bombas" para explodir as contas públicas, e Renan entrou na onda: também há "rolezinhos" no Congresso, mas não políticos, só legislativos. (E, certamente, não de turminhas da periferia, mas da turma da pesada do centro do poder.)
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha passaram mais um dia de gato e rato. Desafiador, Cunha filou a boia dos militantes que acampam na frente do tribunal em favor dos réus (só dos petistas). Teimoso, Barbosa insiste em não assinar o encruado mandado de prisão do (ainda) deputado.
Mas a oposição também não tem o que comemorar: o ministro Marco Aurélio, relator do caso Siemens no STF, foi logo avisando, já no primeiro dia, que não vai manter sigilo desse processo, que pega os tucanos de jeito em São Paulo.
E esse foi o menor problema do governador Geraldo Alckmin quando o Brasil oficial começou a encarar 2014. Além do discurso do petista Alexandre Padilha sobre "heranças malditas", ao trocar a Saúde pela campanha paulista, Alckmin teve a notícia de que bandidos atacaram o carro em que estavam seu filho e sua neta no centro de São Paulo.
O drama é pessoal, e o risco, político. Enquanto flagelo de favelas e periferias, a violência é só estatística, mas, quando chega às áreas nobres e aos poderosos, ganha destaque. E atinge em cheio as reeleições.
Fonte: Folha Online
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