• Ministro diz que colega do PT se equivocou e que delação é com o MP
Cristiane Jungblut e Jailton de Carvalho- O Globo
BRASÍLIA - O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), cobrou ontem do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, uma atitude para tentar coibir o que chamou de "vazamentos seletivos" de informações obtidas nos depoimentos do processo de delação premiada no escândalo que envolve a Petrobras. Viana disse que o ministro precisa "agir" e ser forte. Cardozo reagiu, lamentou e disse que o colega petista está equivocado. O senador criticou o ministro em discurso, na tribuna do Senado.
- Só lamento que o senador Jorge Viana não tenha procurado o ministério antes de ir à tribuna do Senado. Há aí um equívoco do senador. A delação está sob a guarda do Ministério Público - disse Cardozo.
Jorge Viana criticou o ministro quando comentava as denúncias em relação ao líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que teria sido apontado como beneficiário do esquema, conforme declarações atribuídas a Paulo Roberto Costa:
- O ministro da Justiça precisa agir. Numa hora dessa, a gente tem que ter um ministro da Justiça forte, que não aceite esse tipo de manipulação de um processo de tão importante. Ninguém sabe quem denunciou, ninguém confirma. Se destrói primeiro a honra da pessoa, e sai um pedido de desculpa. Isso é péssimo. Não podemos aceitar. A Policia Federal tem que tratar isso com mais seriedade.
Cardozo afirmou que Viana está equivocado porque os depoimentos da delação premiada de Costa estão sob a responsabilidade do Ministério Público, e não da PF.
Humberto Costa negou a acusação e ofereceu a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Para Cardozo, Viana poderia ter se confundido com as diversas fatias da Lava-Jato. O ministro lembra que os processos dessa operação, em curso na 13ª Vara Federal de Curitiba, não estão sob sigilo. O segredo estaria restrito aos depoimentos de Costa e outros que decidiram fazer acordo de delação premiada.
Segundo o ministro, ele sequer tem condições de dizer se houve ou não vazamento de dados. Ainda assim, Cardozo afirmou que vai pedir à Procuradoria Geral da República que apure o caso e adote as medidas cabíveis.
Para Jorge Viana, o vazamento de informações direcionadas e a "manipulação política" atrapalham o processo de investigação. Ele disse que não estava criticando a PF e, sim, a atuação de delegados que vazariam informações:
- Não estou fazendo crítica à PF. Critiquei a ação de alguns delegados que foram para as redes sociais e foram denunciados depois por colegas por fazer vazamento seletivo. Isso tem que ter uma ação do Ministério da Justiça e da direção da PF.
O senador disse que o vazamento seletivo já prejudicou outros envolvidos, apontando erros da PF. Ele citou o caso do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza. A PF se desculpou por ter apontado que ele estava no sistema. Já Humberto Costa fez discurso na tribuna do Senado para se defender:
- A versão apresentada em relação a mim é fantasiosa. Encaminhei tanto ao ministro Teori Zavascki; ao procurador Janot; e também ao senador Vital do Rêgo, me colocando à disposição para prestar a todos os órgãos de investigação os esclarecimentos que esses órgãos considerarem necessários. E, ao mesmo tempo, disponibilizando o meu sigilo bancário, fiscal e telefônico.
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