• Partido acredita que sem a possibilidade de dois mandatos seguidos é mais fácil construir acordo entre Aécio e Alckmin
• A aliados, Lula avaliou como 'equívoco' acabar com a prerrogativa, mas disse que não iria intervir na discussão
Daniela Lima, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O fim da reeleição ajudaria a cúpula do PSDB a "organizar a fila" de pré-candidatos do partido à Presidência. A avaliação é consensual entre os aliados dos dois nomes que despontam para a disputa de 2018: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves (MG).
Do lado paulista, a expectativa é que, uma vez aprovada pelo Congresso, a medida favoreça a costura de um acordo entre os dois políticos.
Do lado mineiro, prevalece o entendimento de que o próprio Aécio já defendia a medida como forma de apaziguar os ânimos na sigla.
Na última eleição, o tucano encampou abertamente essa ideia durante sua campanha pela Presidência da República. Defendeu também a ampliação do mandato presidencial de 4 para 5 anos.
Nesta quinta (28), uma dia após a Câmara aprovar o fim da reeleição em primeiro turno, Alckmin e Aécio celebraram a medida. "Acho ótimo, não vejo problema nenhum nisso", disse o governador.
"A presidente da República acabou por desmoralizar a reeleição. Essa utilização irresponsável, diria criminosa, da máquina pública foi um grande estímulo para os parlamentares votassem [contra o direito de um governante ocupar o cargo por duas vezes consecutivas]", disse Aécio.
Os tucanos buscam um discurso que não desagrade o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que instituiu a reeleição durante seu primeiro mandato e, no ano passado, disse que era "cedo" para dar fim à norma.
O mesmo discurso foi feito pelo ex-presidente Lula. A aliados, disse considerar "um equívoco" o fim da reeleição.
Exemplos
Segundo pessoas próximas, Lula citou os Estados Unidos como exemplo de país que conta com o dispositivo da reeleição sem distorções. Afirmou ainda que o fato de a reeleição estar prevista em lei não é garantia de êxito para aqueles que tentam um segundo mandato.
Ele citou como exemplos a senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), que não conseguiu um segundo mandato na Prefeitura de São Paulo em 2004, e o ex-presidente americano George H. W. Bush, que fracassou em 1992.
Ainda assim, os petistas afirmam que Lula não vai se mobilizar para barrar o fim da reeleição --os deputados precisam votar o tema uma segunda vez e, depois, o Senado precisa chancelar a iniciativa. Se Lula quiser ser candidato em 2018, nada muda para ele, avaliam.
Hoje, a tendência no Congresso é pela aprovação do fim da reeleição. A cúpula do PMDB também vê a norma como facilitadora de consenso interno, caso decida lançar alguém à Presidência.
A opção natural da sigla seria o prefeito do Rio, Eduardo Paes. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), também é lembrado. "Estou consciente de que é melhor para o país o fim da reeleição", disse o parlamentar.
Vice-presidente do PMDB. o senador Valdir Raupp (RO), diz que o fim da reeleição "facilitará o rodízio interno dos partidos" para definição de candidaturas. "Acredito que não será difícil chegar a um consenso no PMDB para 2018. A tendência é mesmo lançar nome próprio", completou.
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