Por Camila Souza Ramos - Valor Econômico
SÃO PAULO - O MTST anunciou ontem que vai acampar "por tempo indeterminado" perto da casa do presidente interino Michel Temer (PMDB), no Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ontem, militantes do movimento dos sem-teto fizeram um protesto no bairro em que Temer vive em São Paulo contra os cortes anunciados no programa "Minha Casa, Minha, Vida".
Os manifestantes se reuniram no Largo da Batata, na zona oeste, e fizeram uma caminhada de cerca de quatro quilômetros até o local. Os organizadores afirmaram que cerca de 20 mil pessoas participaram do ato e disseram que foi o maior protesto contra o governo interino desde que o pemedebista desde que assumiu. A Polícia Militar não divulgou estimativa.
Temer evitou a manifestação e saiu de sua casa rumo a Brasília antes de os manifestantes chegarem ao bairro. A saída ocorreu sob forte esquema de segurança e um destacamento da PM bloqueou o quarteirão, com barreiras de metal. Apenas moradores podem acessar a área isolada.
A coordenação do MTST e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) tentaram negociar com o comando da PM para poderem acessar o quarteirão, mas foram informados que a proibição partiu do presidente interino, do ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, e do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O líder do MTST, Guilherme Boulos, afirmou que os sem-teto não sairão da vizinhança da residência de Temer até o governo dar garantias de que não fará cortes em programas sociais. "Ficaremos aqui até que nossos direitos sejam garantidos e a democracia seja assegurada", afirmou Boulos. No ato, os manifestantes gritaram "Vir morar aqui, ocupar e resistir".
Boulos ironizou a situação e afirmou que enquanto muitos esperavam a liberação de moradias na zona leste, "ninguém imaginou que tão cedo iríamos morar no Alto de Pinheiros", referindo-se ao bairro nobre onde Temer mora.
O MTST, junto com outros movimentos populares que integram a frente Povo Sem Medo, protestaram contra o cancelamento da autorização para a construção de cerca de 11 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida e contra outros cortes em programas sociais.
Durante a concentração, Boulos disse ao Valor que os movimentos vão lutar contra "o segundo golpe, contra os direitos sociais". "Está acontecendo um golpe duplo, porque o Congresso colocou um presidente que não foi eleito por ninguém, e porque esse governo ilegítimo quer aplicar um programa que também não foi eleito por ninguém", afirmou. O coordenador do MTST disse que se o governo realizar cortes em programas sociais os movimentos vão intensificar as ocupações. Boulos citou os protestos realizados por artistas, que levaram à recriação do Ministério da Cultura, anunciada pelo governo interino no fim de semana, como exemplo de resposta para os outros movimentos sociais.
O líder dos sem-teto disse não acreditar que as pessoas que se manifestaram pela saída da presidente afastada Dilma Rousseff passem a participar dos protestos, mas avaliou que as mobilizações contra o presidente interino possam atrair quem até agora não se manifestou nem contra nem a favor o governo de Dilma. "É um governo com pé de barro, porque não tem apoio da rua", afirmou.
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