Igor Gielow | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - A mais nova configuração testada na cúpula dos aliados que apostam na cassação de Michel Temer prevê o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como candidato indireto a presidente, o ex-ministro Nelson Jobim (PMDB) como titular da Justiça e a manutenção de Henrique Meirelles (PSD) à frente da equipe econômica em caso de vitória.
Para pacificar o PSDB, Tasso veio nesta quinta (25) a São Paulo para encontrar-se com o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos seus correligionários.
Eles se reuniram na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, líder tucano que vem articulando as opções do pós-Temer.
A expectativa antes do encontro era de que Tasso se comprometeria a não ser candidato à reeleição no caso de virar presidente, acalmando o grupo de Alckmin, que quer disputar em 2018 mas também está no rol de investigados da Operação Lava Jato –Doria também surge como eventual presidenciável.
Apesar da resistência de Temer, os aliados acreditam que sua saída deverá ocorrer com a cassação da chapa em que o peemedebista foi eleito vice de Dilma Rousseff (PT) em 2014, em 6 de junho.
O deslocamento de Jobim, até aqui nome mais cotado para a candidatura, à Justiça é manobra de alto risco: será vista como tentativa de controlar o apetite da PGR (Procuradoria-Geral da República) na condução de casos contra políticos com foro.
Jobim já foi consultor de três empreiteiras enroladas na Lava Jato. Hoje, é sócio do BTG, banco investigado pelos procuradores, que também têm a compra de submarinos franceses patrocinada por ele em 2009 sob sua lupa.
Ele na Justiça pode causar ira na opinião pública e apoio à saída governista mesmo na oposição capitaneada pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
Um alto dirigente tucano diz que a Lava Jato não é controlável, mas concede que o acordo generoso que beneficiou os irmãos delatores da JBS, que comprometeram o mandato de Temer ao gravá-lo ouvindo trama criminosa, mudou a percepção pública sobre o trabalho da PGR.
O mandato do procurador-geral, Rodrigo Janot, termina em setembro. Uma saída para esfriar o clima passaria pela não indicação imediata de seu substituto.
Neste caso, quem assume interinamente é Mario Luiz Bonsiglia, vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público e visto como mais comedido e técnico do que os "tuiuiús" –grupo de retórica inflamada que domina a PGR há anos.
No xadrez em curso, o PSD fechou apoio à costura do PSDB a partir de um encontro do dono do partido, ministro Gilberto Kassab (Comunicações), com FHC.
A manutenção da equipe de Meirelles, que é do PSD e teve o nome especulado à Presidência, está no pacote para manter o apoio do empresariado e as expectativas do mercado, que o aprovam.
Um membro da direção tucana diz temer que todas essas conversas venham a inviabilizar o nome de Tasso, que não é exatamente popular na Câmara dos Deputados –que concentra 513 dos 594 votos do Colégio Eleitoral.
Para tanto, o DEM do presidente da Casa, Rodrigo Maia, terá de ser contemplado no acerto, até porque foi insuflado como um eventual candidato a presidente. O democrata poderia entrar no acerto como vice de Tasso.
O DEM só vai desembarcar do governo se o PSDB e o PSD o fizerem, mas a importância de Maia e sua proximidade de Temer são elementos delicados, e seu papel no arranjo ainda está sendo avaliado.
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