União
contra Bolsonaro
Basta
do governo insano e da oposição dividida. O maior erro dos democratas foi não
manterem a unidade da luta contra a ditadura, na hora de construir a
democracia, com eficiência econômica, justiça social, sustentabilidade
ecológica, fiscal e educacional. Continuamos divididos, mesmo diante do risco
de reeleger um regime miliciano no lugar do antigo regime militar.
Em 1985, os democratas se uniram para barrar a continuação do regime militar com o civil Maluf; com exceção do PT, que não votou contra a ditadura, para não se aliar a democratas conservadores. Com poucos deputados, sua opção não impediu a vitória da democracia. Quase quarenta anos depois, outra vez os democratas têm a chance de deixar suas divergências para barrar um regime militarista, obscurantista, candidato a autoritarismo. Desta vez o PT não é mais o pequeno partido de antes. Apesar de todo seu desgaste, por seus erros ou por manipulações na justiça, o PT é um partido grande o suficiente para definir o rumo das eleições em 2022: unindo-se aos demais democratas para barrar a continuação do atual governo, ou repetir o isolamento e correr o risco de reeleger o governo atual, com todas as consequências.
Se
repetirmos agora o divisionismo, seja porque o PT não se alia aos demais
democratas ou porque estes não aceitam se unir ao PT, há grande chance de outra
vez chegarmos ao segundo turno com um nome que não entusiasma ao conjunto dos
democratas, e, ainda mais grave, um nome ou um partido com mais rejeição do que
o atual presidente. Como aconteceu em 2018, onde Fernando Haddad era muito mais
preparado, mas perdeu por causa da rejeição ao PT.
Basta
deste governo insensato.
Basta
também da insensatez dos democratas que se dividem.
Em
1985, Brizola, Arraes, Ulisses, deixaram de lado suas divergências mútuas e
abriram mão da proposta nobre das eleições diretas, adiando-a por quatro anos;
se aliaram a Sarney e Marco Maciel, que até a véspera estavam aliados a ditadura
mas aceitaram a aliança com seus adversários para iniciar a redemocratização,
que sem eles teria sido adiada por anos. Foi a aliança entre adversários
discordantes e o nome sem rejeição, do Tancredo, que permitiu barrar a
ditadura. Outra vez precisamos que nossos líderes de hoje barrem a reeleição
deste presidente que se reelegeu por causa de nossa divisão em 2018. Para
tanto, precisam fazer como fizeram aqueles outros 40 anos atrás: explicitarem a
unidade, os motivos dela, e escolherem um nome com pequena rejeição na opinião
pública. Que assuma o compromisso de abolir o negacionismo, aceitar diálogo e
tolerância, respeitar a democracia, rechaçar o armamentismo e conduzir o país
por quatro anos. É como se estivéssemos outra vez adiando as Diretas, mas abrindo
o debate sobre o progresso futuro, graças a barrar a decadência que o Brasil
sofre.
Basta
da insanidade do desgoverno ou do divisionismo das oposições.
*Cristovam
Buarque foi senador, governador e ministro
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