Os alunos antes de entrar na escola se reuniam no pátio de entrada em formação militar (os baixinhos na frente). E o hino nacional seguido do hino de Pernambuco era cantado. E o hino de Pernambuco terminava com a estrofe "Pernambuco é imortal, é imortal". E nós, os meninos, acrescentamos "Parararará, tim bum". A Diretora da escola ficava puta e dizia que aquilo não existia no hino. Mas toda vez que cantávamos a estrofe final era ouvida porque os meninos maiores a cantavam entre os dentes. E a diretora de onde estava não tinha como policiar a boca de dezenas de meninos.
O problema é que a escola tinha dentista
que administrava os dentes de todos os alunos. Mas a dentista se limitava a
obturar dentes. Na época ela usava mercúrio que me deixou encantado ao ver
um metal líquido. Então na verdade a presença de uma dentista na escola não era
para resolver o problema das cáries das crianças e concretamente não passava de
uma solução paliativa. Mesmo que a dentista passasse diariamente nas salas para
pedir que a meninada não consumisse açúcar, o que não era feito. Pouco
adiantaria porque elas consumiam açúcar nas suas casas. Seus país não sabiam
que é o açúcar de cana adicionado aos alimentos que causa as cáries.
Ainda hoje não é feita uma associação
direta que seja reconhecida por todos entre açúcar e cárie dentária. E muito
menos com o conjunto das doenças crônicas metabólicas e degenerativas. Mas
alguns dentistas mais honestos e corajosos já o fazem. Cito aqui, extraídas do
meu O Livro Negro do Açúcar, frases das doutoras Marli Pugliesi Piccolo e
Glaucia Garcia do portal "Guia do Bebê": "É impossível haver cáries
na ausência de açúcar". E também palavras do bravo cirurgião-dentista
gaúcho Dr. Andrew Pacheco: "Se o objetivo é resolver definitivamente
o problema, deveríamos optar pela eliminação total do açúcar".
É claro que esse problema não é um problema
limitado às escolas e universidades. É um problema da sociedade, e convenhamos
um problema de todas as sociedades, um problema mundial. Mas pode ser entendido
como um problema escolar e no âmbito de uma escola pode ser atacado. No meu
artigo anterior mencionei a escolinha zero açúcar daqui de Cachoeiro de
Itapemirim, a escola de primeiro grau Ben Te Vi, onde o açúcar é literalmente
proibido de ser adicionado ao que as crianças comem.
O Movimento LED quer soluções em
forma de "protótipos" para ser apresentados a uma banca de jurados
durante o Festival. O problema é que a banca de jurados pode ignorar as
informações necessárias para até entender o problema. É aquela situação
clássica em que primeiro o educador tem que ser educado. E os professores,
doutores e empreendedores do LED já demonstraram que estão por fora do problema
que apresento. Ou eu não teria sido liminarmente excluído de participar. Avisei
que se os projetos e iniciativas contemplados pelo LED, em termos de quantidade
de gente influenciada não se comparassem com a quantidade de gente que
influenciei, que eu escreveria o Lusco-fusco na Educação. Não mencionei que
minha obra teve duas edições de papel que se encontram esgotadas. Sendo que a
primeira edição é vendida pela Estante Virtual a preço de livro raro. E que um
pirata vende cópias em CD e E-book pelo Mercado Livre. O pirata até criou uma
capa para meu livro que tem capa desenhada por Cassio Loredano. Mas finalizo
dizendo que sou grato ao pirata. Foi graças a ele que a professora de
educação física, Ariéllen Cândido tomou conhecimento do livro e o adotou
em sala de aula.
*Fernando Carvalho é historiador, formado
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de “Livro Negro do Açúcar
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