O Estado de S. Paulo
Responsabilidade fiscal não é bonita só no papel – ela evita também o vexame internacional
No Sul, o presidente Lula prega a taxação dos
super ricos. No Norte, Trump quer corte de impostos com pacote legislativo BBB
(“One Big Beautiful Bill”), que inclui cortes massivos de impostos e alterações
significativas nos gastos públicos. Em comum entre eles está o fato de que são
políticas que estão longe de equilibrar as contas, com déficit fiscal enorme,
sem sustentabilidade a médio e longo prazos.
Assim, pela segunda vez nesta coluna, proponho um curso (o primeiro foi sobre inflação): Como governar sem quebrar o País (e sem passar vergonha). Começa assim: prezados governantes (especialmente aqueles que confundem economia com mágica), bem-vindos ao curso que vocês não pediram, mas desesperadamente precisam.
Módulo 1: Gastar mais não cura inflação
(surpresa!): descubra o incrível fenômeno econômico de que imprimir dinheiro e
gastar descontroladamente não reduz preços (quem diria?). “Gastar o que não
tem” não é uma estratégia fiscal brilhante.
Módulo 2: Tributação justa – Uma coisa que
não é crime. Descubra como aumentar impostos sobre os ricos pode ser
fiscalmente responsável, mas cortálos sem critérios pode gerar déficits
explosivos e prejudicar programas essenciais. Aumentar impostos sem planejamento
pode gerar efeitos colaterais negativos, como fuga de capitais ou redução de
investimentos.
Módulo 3: Juros e inflação – Uma história de
amor complicada. Aprenda o básico: se a inflação sobe, os juros precisam subir
também (o Banco Central talvez saiba o que faz?). Evite dizer coisas como
“Vamos cortar juros e crescer!”, quando isso significa “vamos descontrolar a
inflação rapidinho!”.
Módulo 4: Discurso econômico vs. Realidade
econômica. Como não prometer um mundo mágico onde gastos crescem, impostos
diminuem, e milagrosamente a dívida some (spoiler: ela não some). Técnicas
avançadas de como falar menos besteira econômica – mesmo que o público do
partido goste.
Módulo 5: Ética econômica para iniciantes. A
economia como ciência que impacta vidas reais, não como laboratório de
experimentos populistas. Responsabilidade fiscal não é bonita só no papel – ela
evita também o vexame internacional.
Ao fim, para ser aprovado, basta a avaliação
final:
“Monte um orçamento público sem falir o país
em 6 meses”. Desafio bônus: discursar sobre economia por 10 minutos sem ser
corrigido por economistas ou influencers nas redes sociais.
Parabéns antecipadamente! Se você chegou até
aqui sem ofender a inteligência dos outros, está pronto para governar com um
mínimo de responsabilidade econômica (ou ao menos não vai destruir tudo de uma
vez). Boa sorte (vai precisar)!
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