Vejo agora as notícias do terremoto e do tsunami no Japão, e não consegui deixar de fazer imediatamente uma comparação com a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro com as chuvas de verão, sobre as quais escrevi há algumas semanas atrás, na qual o número de mortos quase chegou a mil.
As notícias que chegam, nesse exato momento em que escrevo, num terremoto de 8,9 graus na Escala Richter e com ondas de 10 metros de altura do tsunami, os mortos e desaparecidos não chegavam a uma centena.
O terremoto não é tão previsível e sazonal como as nossas torrenciais chuvas de verão, porém, o contraste entre o que acontece lá e cá demonstra a surpreendente diferença de como as sociedades se preparam para enfrentar as catástrofes naturais. E, com certeza, essa comparação também serve para avaliar como devem tratar outras questões de interesse coletivo.
Não adianta, especialmente nossos dirigentes e lideranças em geral e autoridades públicas em especial, e nesse particular o ex-presidente Lula foi um das vozes e das personagens mais expressivas, ficarmos nos auto-glorificando, dizendo que falta pouco para chegarmos ao primeiro mundo, que a nossa criatividade supera nossas limitações, que o “jeitinho brasileiro” tem quase o status de uma nova abordagem tecnológica, ou que sob tragédias o povo brasileiro demonstra sua solidariedade e “não desiste nunca”.
Nessas horas, em que as comparações são tristes mas são possíveis, é que vemos a distância que ainda teremos que percorrer para que chamemos o Brasil com sinceridade e orgulho verdadeiro, de nação desenvolvida.
Não será com discursos ou ótimas peças publicitárias e nem somente com dinheiro (ou a promessa dele), que se mudará essa realidade. Há que se gastar tempo, esforço e paciência em planejamento, preparação e qualificação das pessoas e na construção pactuada e legitimada pela sociedade de projetos bem definidos, mensurados e aprazados.
Não dá para viver, ou tomar decisões, em espasmos ou apenas sob fortes tensões.
Depois das enxurradas é que “caiu a ficha” de que havia casas em áreas de risco, mas as pessoas já moravam lá.
Depois da rebelião é que se critica a superlotação das penitenciárias, mas os crimes já foram cometidos e os presos já estavam lá.
Depois da inflação ameaçar disparar é que desandam a fazer cortes nas despesas do governo e limitar o valor da correção do salário-mínimo, mas os gastos exagerados e mal feitos em 2010, ano eleitoral, já estavam lá.
Depois de ver as gravações de pacotes de dinheiro mudando de mãos é que dizem querer combater a corrupção, mas, na Câmara dos Deputados, eleita, com o voto popular, a deputada Roriz, filha de ex-senador e ex-governador ficha suja, já estava lá.
Mas, aqui não tem terremoto...
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
FONTE: JORNAL DA CIDADE/ PINDAMONHAGABA/SP
As notícias que chegam, nesse exato momento em que escrevo, num terremoto de 8,9 graus na Escala Richter e com ondas de 10 metros de altura do tsunami, os mortos e desaparecidos não chegavam a uma centena.
O terremoto não é tão previsível e sazonal como as nossas torrenciais chuvas de verão, porém, o contraste entre o que acontece lá e cá demonstra a surpreendente diferença de como as sociedades se preparam para enfrentar as catástrofes naturais. E, com certeza, essa comparação também serve para avaliar como devem tratar outras questões de interesse coletivo.
Não adianta, especialmente nossos dirigentes e lideranças em geral e autoridades públicas em especial, e nesse particular o ex-presidente Lula foi um das vozes e das personagens mais expressivas, ficarmos nos auto-glorificando, dizendo que falta pouco para chegarmos ao primeiro mundo, que a nossa criatividade supera nossas limitações, que o “jeitinho brasileiro” tem quase o status de uma nova abordagem tecnológica, ou que sob tragédias o povo brasileiro demonstra sua solidariedade e “não desiste nunca”.
Nessas horas, em que as comparações são tristes mas são possíveis, é que vemos a distância que ainda teremos que percorrer para que chamemos o Brasil com sinceridade e orgulho verdadeiro, de nação desenvolvida.
Não será com discursos ou ótimas peças publicitárias e nem somente com dinheiro (ou a promessa dele), que se mudará essa realidade. Há que se gastar tempo, esforço e paciência em planejamento, preparação e qualificação das pessoas e na construção pactuada e legitimada pela sociedade de projetos bem definidos, mensurados e aprazados.
Não dá para viver, ou tomar decisões, em espasmos ou apenas sob fortes tensões.
Depois das enxurradas é que “caiu a ficha” de que havia casas em áreas de risco, mas as pessoas já moravam lá.
Depois da rebelião é que se critica a superlotação das penitenciárias, mas os crimes já foram cometidos e os presos já estavam lá.
Depois da inflação ameaçar disparar é que desandam a fazer cortes nas despesas do governo e limitar o valor da correção do salário-mínimo, mas os gastos exagerados e mal feitos em 2010, ano eleitoral, já estavam lá.
Depois de ver as gravações de pacotes de dinheiro mudando de mãos é que dizem querer combater a corrupção, mas, na Câmara dos Deputados, eleita, com o voto popular, a deputada Roriz, filha de ex-senador e ex-governador ficha suja, já estava lá.
Mas, aqui não tem terremoto...
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
FONTE: JORNAL DA CIDADE/ PINDAMONHAGABA/SP
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