Segundo revista,
operador do mensalão disse que PT pediu dinheiro para calar empresário ligado
ao caso Celso Daniel
Ministros do STF
defendem que o empresário Marcos Valério receba algum tipo de proteção do
Estado.
O operador do mensalão,
já condenado pelo tribunal a mais de 40 anos de prisão, se propõe a dar novas
informações sobre a compra de apoio no governo Lula.
Ministros do STF
defendem proteção para Marcos Valério
Operador do mensalão diz estar disposto a revelar novos detalhes do esquema
Segundo revista, Valério diz que PT pediu dinheiro para silenciar empresário
ligado ao caso Celso Daniel
Felipe Seligman
BRASÍLIA - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela Folha
defendem que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do
mensalão e condenado pelo tribunal a mais de 40 anos de prisão, receba algum
tipo de proteção do Estado.
Para eles, se Valério afirma temer pela sua vida, isso não pode ser subestimado.
O empresário se diz disposto a revelar ao Ministério Público detalhes inéditos
sobre o esquema que ajudou a organizar durante o governo Lula.
Novos depoimentos não terão interferência no julgamento do mensalão, que
está na fase final. Mas podem resultar em novas investigações ou contribuir
para outros inquéritos em curso.
Os ministros do STF não descartam a possibilidade de que Valério esteja
apenas tentando tumultuar o julgamento. Um deles, que pediu reserva, afirmou
que não há mais espaço para suas promessas.
Já o ministro Marco Aurélio Mello afirma que está na hora de o operador do
mensalão "desembuchar, não falar em doses homeopáticas".
O ministro defendeu que o Estado "proporcione aparato de
segurança" a quem "se mostrar disposto a colaborar".
"Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado", justificou.
"Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado."
Caberá ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, analisar o caso.
Valério poderia ser incluído no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e
Testemunhas Ameaçadas, podendo mudar de cidade e trocar de nome.
Gurgel também poderia pedir auxílio à Polícia Federal, que passaria a
monitorar o réu constantemente e analisar se o risco de vida é real. Já na
prisão, ele poderia ainda ter tratamento diferenciado, como ficar em cela
isolada.
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", Valério prestou um
depoimento a Gurgel no fim de setembro, quando teria mencionado Lula e o
ex-ministro Antonio Palocci.
Reportagem da revista "Veja" desta semana afirma que Valério
também teria informações sobre o envolvimento do PT com o assassinato do
prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002.
Segundo a revista, Valério diz que o PT pediu dinheiro, em 2003, para
silenciar pessoas que ameaçavam implicar no crime o ex-presidente Lula e o
ministro Gilberto Carvalho, que chefiou o gabinete de Lula e hoje chefia a
Secretaria-Geral da Presidência.
Os dois teriam sido extorquidos pelo empresário Ronan Maria Pinto, apontado
como integrante de uma quadrilha que desviava recursos da Prefeitura de Santo
André. Valério diz ter sido contatado pelo então secretário-geral do PT, Silvio
Pereira, e que um banco arranjou o dinheiro.
Pereira disse à Folha que a versão "é puro delírio". Carvalho
afirmou que desconhece "completamente" o assunto e nunca teve contato
com Marcos Valério. A assessoria de Ronan Maria Pinto disse que o empresário
não conhece e nunca se encontrou com Valério.
Colaborou Daniel Roncaglia
Fonte: Folha de S. Paulo
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