Gilberto Carvalho e Silvio Pereira afirmam que relato é falso; assessores de
Lula não se pronunciam
Bruno Boghossian e Felipe Frazão
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
negou ontem ter sido vítima de chantagem de pessoas que ameaçavam revelar seu
suposto envolvimento com o esquema de desvio de verbas públicas da prefeitura
de Santo André na gestão do prefeito Celso Daniel.
O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira também negou que o empresário
Marcos Valério o tenha procurado para levantar o dinheiro necessário a fim de
"calar" o empresário Ronan Maria Pinto, que seria o responsável pela
ameaça de ligar Lula e Carvalho ao esquema de propinas no município do Grande
ABC.
Segundo a revista Veja desta semana, o encontro entre Valério e Pereira
ocorreu em 2003, um ano depois do assassinato de Celso Daniel. Nesse encontro,
o petista teria pedido dinheiro para evitar que Ronan fosse a público dizer que
Lula e Carvalho eram beneficiários do dinheiro desviado da prefeitura de Santo
André.
O Instituto Lula não quis comentar o caso ontem. Os assessores do
ex-presidente afirmaram que desconhecem o conteúdo do novo depoimento de
Valério à Procuradoria-Geral.
Sem relação. "O ministro nunca teve qualquer contato com o sr. Marcos
Valério, nem pessoalmente, nem por e-mail, telefone ou qualquer outro
meio", afirmou a Secretaria-Geral da Presidência por meio de nota oficial.
A pasta informou que Carvalho "nunca teve conhecimento de qualquer
ameaça ou chantagem" feita por pessoas que teriam informações a respeito
de seu suposto envolvimento em pedidos de propinas durante a administração de
Celso Daniel.
O ministro foi secretário municipal em Santo André de 1997 a 2001.E sempre
negou a existência do esquema de pagamento de propina a empresários.
O Ministério Público afirma que Daniel foi assassinado em janeiro de 2002
porque queria acabar com o desvio de verbas. A Polícia Civil, porém, sustenta
que o ele foi vítima de crime comum.
Silvio Pereira negou a existência do encontro com Valério e do pedido de
ajuda para atender ao achaque de Ronan. Segundo o advogado Gustavo Badaró,
defensor de Pereira no processo do mensalão - no qual o petista fez acordo para
livrar-se do processo ao prestar 750 horas de serviços comunitários -, ele
afirmou que as acusações de Valério são fantasiosas. "Ele (Pereira) negou
peremptoriamente e me pareceu tranquilo", disse Badaró, que fez contato
telefônico com seu cliente. "Ele disse: "Isso nunca existiu, é uma
fantasia. Absolutamente desconheço tudo isso"."
O empresário Ronan Maria Pinto, disse, por meio de sua assessoria de
imprensa, que nunca esteve com Valério: "Isto é um absurdo".
O criminalista Roberto Podval nega o envolvimento de Sérgio Gomes, o Sombra,
na morte de Celso Daniel. Podval questiona no Supremo Tribunal Federal o poder
de investigação criminal do Ministério Público.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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