Para o vice-governador, candidatura de Aécio Neves terá reflexo nas disputas estaduais
Baptista Chagas Almeida
Vice-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP) não quer passar o carro na frente dos bois, não admite, mas certamente assumirá o governo do estado em abril do ano que vem. Sobre as eleições, ele destaca a necessidade de união em torno da candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que acredita terá reflexo também nas disputas estaduais. E resume a estratégia: "A hora é de contribuir com a convergência, agir com altruísmo em busca do melhor caminho para Minas e o Brasil".
O senhor assume o cargo, fica os nove meses ou ainda tem alguma possibilidade de concorrer à reeleição?
A primeira colocação que eu faço é que essa decisão depende, certamente, de uma decisão do próprio governador Antonio Anastasia (PSDB), que vem recebendo os apelos públicos em relação à importância da sua presença no Senado. Mas nós temos que aguardar, porque na vida pública nós não somos donatários do destino, e o governador é visto por todos como homem público qualificado e credenciado para ser uma voz de Minas no Senado. A presença dele como candidato é importante para o processo eleitoral do nosso campo em Minas e também para a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência.
Pois é, era o que eu iria perguntar. Toda a política mineira, do PSDB, do PP e dos demais partidos aliados, passa pela candidatura do Aécio à Presidência, não?
Sim, eu diria que essa singularidade da eleição em 2014 tem a regência de um mineiro e é candidato à Presidência da República: o senador Aécio. Isso amplia os contornos da importância do processo em Minas de buscar manter essa ampla aliança e, mais do que isso, vamos criar um grande movimento para intensificar o sentimento mineiro, da importância de Minas voltar ao Planalto Central.
E o PP?
O PP, como na realidade de todos os partidos, é um partido que tem federação de realidades regionais. Isso tanto é verdade que eu diria que esse dispositivo da verticalização, hoje constitucional, vem retratar o contexto de uma realidade partidária. Essa realidade levou o partido na última eleição para presidente a não emprestar a sua coligação a nenhum dos candidatos em nível nacional, dando liberdade aos estados de se posicionarem dentro do contexto regional.
O senhor acha que isso tende a se repetir?
Se eu for olhar a realidade partidária, eu diria que sim, embora a maioria dos nomes do PP colocados como pré-candidatos estará em palanques nos estados contra candidaturas do PT. Essa realidade começa no Rio Grande do Sul, com a senadora Ana Amélia. Em Santa Catarina com Ângela Amin, Espiridião Amin e com o senador do PSDB Paulo Roberto Bauer, no sentido de formar uma chapa. No Paraná, o ex-deputado Ricardo Barros foi candidato ao Senado com o governador Beto Richa (PSDB), é secretário do estado e certamente apoiará a reeleição de Richa. Minas Gerais é nuclear. Em Goiás, o vice-governador que era do DEM, se filiou ao PP, ao lado do governador Marconi Perillo (PSDB), que deve buscar a reeleição. Temos uma candidata no Amazonas, que é a deputada Rebecca Garcia, e tudo caminha para que ela tenha o apoio do prefeito de Manaus, Artur Virgílio (PSDB). Temos candidato em Alagoas, o senador Benedito de Lyra, aliado ao governador Teotônio Vilella (PSDB).
Mas tem gente também ao lado do PT, não?
Na Paraíba, que é o estado do ministro (Aguinaldo Ribeiro, das Cidades), não existe a tradição de aliar-se com o PT, mas poderá caminhar com o PT. Também se prenuncia acordo no Piauí entre o PT e o PP do senador Ciro Nogueira. Na Bahia, desde a eleição passada, se aliou com o PT, do governador Jaques Wagner. Não citei São Paulo, mas há uma perspectiva de alinhamento com a reeleição do governador Alckmin (PSDB). No Sudeste e no Sul há uma tendência muito forte de o PP caminhar com o PSDB.
E o quadro em Minas Gerais, como o senhor o imagina?
Nós temos trabalhado, pela posição de vice-governador, com o governador Anastasia, com o senador Aécio Neves, com os companheiros do PP e dos demais partidos, no sentido de buscar a unidade em torno da composição majoritária no estado. Para que isso ocorra é preciso haver despojamento daqueles que têm seus nomes cogitados no sentido de uma convergência. É da minha tradição, da minha prática política, da minha história política, sempre posicionar para contribuir para essa convergência.
A candidatura de Aécio à Presidência da República influi nas decisões, não?
Nesse cenário de uma candidatura mineira à Presidência da República, nossa responsabilidade está ampliada. Entendo que tem de haver altruísmo. Em política também os gestos são importantes para contribuir nessa composição e têm de ser compreendidos, porque muitas vezes retratam o cenário nacional. Neste sentido, eu coloco que o caminho leva, e a mídia percebe e retrata isso de maneira muito cristalina, que se prenuncia uma composição que terá o PSDB na candidatura ao governo e numa composição, no meu caso, como presidente do PP, defendendo a presença do partido.
Em resumo, a chapa está pronta: Pimenta da Veiga com Dinis Pinheiro de vice para o governo e o governador Anastasia para Senado...
Isso eu não posso falar. A hora é de contribuir com a convergência, agir com altruísmo em busca do melhor caminho para Minas e o Brasil. É importante destacar, por exemplo, que as pesquisas indicam que a candidatura do governador Antonio Anastasia ao Senado tem uma perspectiva de votação histórica. Isso de um lado favorece o nosso campo político porque as suplências passam também a ser cobiçadas e podem ensejar acomodação da composição do nosso lado. E do outro lado ela gera um efeito contrário, no sentido de que, tirando a posição de governador e vice, ninguém vai querer. Dificulta de um lado e amplia de outro.
Fonte: Estado de Minas
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