- Folha de S. Paulo
• Presidente da Câmara afirma que partido pode romper com governo Dilma caso desentendimentos se agravem
• Para peemedebista, aliança com o PT em 2018 não se repetirá; petistas minimizam as declarações
BRASÍLIA - Incomodado com ataques de setores do PT e movimentações de ministros para mudar a articulação política do governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que a aliança entre o PT e o PMDB pode ser rompida caso os desentendimentos entre os dois partidos se agravem.
A fala é uma referência às indicações de que o núcleo mais próximo da presidente Dilma Rousseff estaria atuando para esvaziar as atribuições do vice-presidente, Michel Temer, na coordenação política do governo federal, como revelou a Folha.
"No momento, temos compromisso com o país e a estabilidade, mas isso não quer dizer que vamos nos submeter a humilhação do PT", afirmou o presidente da Câmara no microblog Twitter.
"O PMDB está cansado de ser agredido pelo PT constantemente e é por isso que essa aliança não se repetirá. Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso [do PT] o fim da aliança. Não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte", acrescentou.
As ameaças ao PT já tinham sido feitas pelo peemedebista em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" publicada neste domingo (14). Cunha disse que a aliança entre os dois partidos não se repetirá em 2018.
Ao fim do congresso do PT, no sábado (13), o partido rejeitou a revisão da política de alianças, que tem como principal aliado o PMDB. Apesar da decisão, dirigentes petistas gritaram "fora, Cunha" enquanto era discutida a proposta sobre o rompimento com o PMDB e demais partidos aliados.
Panos quentes
Petistas minimizaram publicamente as declarações de Cunha e negaram as investidas do governo contra as atribuições de Michel Temer.
"Dentro do PT existem visões diferentes. Foi proposto rever a aliança com o PMDB, deixar de ter aliança, mas isso não passou. Então, não existe falar de uma posição do PT para com o PMDB diferente do que temos tido até agora", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
Vice-presidente do PT e líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) afirmou que é cedo para discutir 2018. "A prioridade do PT é defender a governabilidade", afirmou.
O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI da Petrobras, disse que "o PMDB é maior do que uma de suas figuras individualmente".
A relação de Cunha com o PT foi estremecida desde sua eleição, quando o partido atuou para deixá-lo de fora do comando da Câmara.
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