- Folha de S. Paulo
Passado o armistício de 1918, o premiê francês Georges Clemenceau afirmou: "E agora cumpre ganhar a paz. Talvez seja mais difícil do que ganhar a guerra".
Que o diga Michel Temer, completando neste domingo (12) o primeiro mês de seu turbulento mandato interino. O caminho para seu Tratado de Versalhes, se consumada a deposição constitucional de Dilma Rousseff, está sendo como previsto: cheio de recuos, percalços e mistificações.
A mais recente é a quimera vendida pelo PT segundo a qual Dilma, reempossada, promoveria um plebiscito visando novas eleições. É um embuste típico, já usado como resposta aos protestos de junho de 2013, só para cair no esquecimento.
Trata-se de fumaça, mas cujo odor agrada a quem não apetece tapar o nariz para a parte podre da gestão Temer, além da turma de sempre que vai em ordem unida para a Paulista. E irrealizável, para não falar nos aspectos legais, bastando analisar as votações no Congresso que demonstram até aqui coesão governista inédita nos últimos anos.
Esse desempenho e a aprovação quase universal de sua equipe econômica, ao menos até quando começar a fazer maldades, garantem por ora o trânsito de Temer pela tormenta simbolizada pela Lava Jato.
Falando nela, o vazamento do petardo de Janot contra o colégio de cardeais da política, peça que sem uma carga explosiva até aqui desconhecida parece tender à gaveta, marca uma inflexão na história da operação. Para qual lado, não se sabe, mas é certo que o vazamento logrou unir oposição, situação e Supremo.
Se Temer sobreviver ileso pessoalmente ao tiroteio (e vem bala por aí, Odebrecht e OAS à frente), a economia confirmar a insinuação de reação e de alguma forma isso se reverter em melhoria na desgraceira da vida real do país, poderá talvez não repetir os erros de quase cem anos atrás e buscar termos palatáveis para sua propalada pacificação.
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