• Avaliação é que críticas estão direcionadas para Câmara e Senado
Eduardo Barretto - O Globo
-BRASÍLIA- No Palácio do Planalto, houve um grande alívio com a ausência quase total de manifestações contrárias ao presidente Michel Temer. Como o “Fora, Renan” predominou, a avaliação é que a crise se mantém no Congresso. Em uma nota curta, o governo deu um recado indireto ao Legislativo, cobrando os outros Poderes da República a estarem “sempre atentos” às ruas.
Os protestos em todo o país foram longamente elogiados pelo Planalto: “A força e a vitalidade de nossa democracia foram demonstradas mais uma vez, neste domingo, nas manifestações ocorridas em diversas cidades do país. Milhares de cidadãos expressaram suas ideias de forma pacífica e ordeira. Esse comportamento exemplar demonstra o respeito cívico que fortalece ainda mais nossas instituições. É preciso que os Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da população brasileira”, diz o texto, assinado pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
Havia receio no entorno do presidente Michel Temer de que o imbróglio que culminou com a demissão dos ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e de Marcelo Calero (Cultura) — caso que está sendo analisado pela Comissão de Ética da Presidência — fosse lembrado pelos manifestantes. A avaliação é que a convocação no domingo anterior para uma entrevista de Temer no Palácio, na qual ele afirmou que vetaria qualquer anistia a crimes relacionados ao caixa dois, jogou o momento delicado para o Congresso.
Depois da entrevista, a Câmara desfigurou o projeto de medidas contra a corrupção, na madrugada de quarta-feira, e o Senado pautou a votação sobre o projeto de lei sobre abuso de autoridade, prevista para amanhã. Das dez medidas originais do pacote anticorrupção, elaborado pelo Ministério Público, os deputados só mantiveram duas integralmente. Já o Senado, na última quinta-feira, ouviu do juiz federal Sérgio Moro, à frente da Lava-Jato, que não é o momento para aprovar essa lei.
No monitoramento do Planalto sobre as redes sociais, já ficou claro ao longo da semana que as críticas deixaram de ser focadas em Temer e cresceram em relação ao Congresso.
— O Congresso puxou para si esse assunto. Enquanto Temer disse o que a sociedade queria ouvir, os parlamentares disseram o contrário — disse um assessor de Temer.
Diante da mobilização, a avaliação do entorno de Temer é que, se o Senado aprovar o abuso de autoridade e as ruas ainda estiverem sensíveis, Temer não terá força para sancionar a matéria.
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