• Relator, Requião chama manifestantes de ‘mentecaptos manipuláveis’
Eduardo Barretto e Leticia Fernandes - O Globo
-BRASÍLIA- Grande alvo dos protestos de ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não informou se manterá a votação do projeto sobre abuso de autoridade, marcada para amanhã, mas afirmou, em nota, que o Senado está “sensível” às demandas sociais. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), outro criticado nas manifestações, afirmou, também em nota, que os protestos “fortalecem o debate transparente de ideias” no Congresso Nacional.
Responsável pelo relatório com a versão final do projeto sobre abuso de autoridade, que será apresentado amanhã, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) atacou duramente as manifestações no Twitter.
“Movimentos de mentecaptos manipuláveis”, escreveu Requião, garantindo que apresentará o projeto amanhã “com ou sem pitis, com histerias e passeatas ou sem”. O relator também ironizou membros da força-tarefa da Lava-Jato, chamando-os de “jovens paladinos”.
A única manifestação de Renan foi pela nota oficial: “O presidente do Senado, Renan Calheiros, entende que as manifestações são legítimas e, dentro da ordem, devem ser respeitadas. Assim como fez em 2013, quando votou as 40 propostas contra a corrupção em menos de 20 dias, entre elas a que agrava o crime de corrupção e o caracteriza como hediondo, o Senado continua permeável e sensível às demandas sociais”.
No Senado, líderes consideram que o clima para votação amanhã do projeto sobre abuso de autoridade, que mira em magistrados e procuradores, não estaria favorável e que a votação poderá ser adiada. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que pedirá para a matéria sair da pauta.
— O quadro é extremamente delicado. O Senado tem que ter o bom senso de não se confrontar com a sociedade. Se a Casa quiser caminhar para ampliar a crise e derrubar governo, tudo bem. Mas não terá meu apoio. Vou apresentar requerimento de retirada de pauta — disse Caiado.
Paulo Bauer (PSDB-SC), líder tucano, avalia que o pouco tempo para discutir o projeto pesa contra a votação, e que as manifestações agravam o quadro. Ricardo Ferraço (ES), da mesma sigla, disse que o partido vai trabalhar para impedir a votação “a todo e qualquer custo”.
Favorável ao projeto, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), avalia que não deve ser possível fazer mudanças na legislação que possam atingir o Ministério Público enquanto houver a Operação Lava-Jato:
— Não podemos deixar de levar em consideração (as críticas das ruas), apesar de muita gente dos protestos não saber exatamente o que está em discussão. Mas os procuradores e o Moro conseguiram vender a ideia de que estamos tentando limitar as ações da Lava-Jato, quando, na verdade, o que se discute é algo que vale para todos os servidores públicos, parlamentares, todo mundo.
Correligionário de Renan Calheiros, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), disse que a votação do projeto estará atrelada ao aperfeiçoamento do texto até amanhã. Rose de Freitas (PMDB-ES) atacou o projeto de lei, dizendo que a matéria está em “choque total” com a opinião pública.
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